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2 de janeiro de 2008

Rumos

Não posso negar que sou nostálgico. Sou um grande saudosista. Não me arrependo de ter escolhido o Evangelho de Cristo, nem tenho vontade de voltar à escravidão no Egito, não, não se trata disso.
Eu apenas recordo-me com alegria de minha infância nos anos 80.

Sim, éramos pobres, mas éramos felizes.
Nosso prédio não era cercado. Nenhum era. Podíamos correr livremente, entrar e sair, de qualquer prédio do Conjunto Habitacional, sem sermos incomodados.

Brincávamos de pega-pega ‘gigante’, ajuda-ajuda ou esconde-esconde ‘monstro’, porque quase 50 crianças participavam.

Explorávamos um grande território sem medo, porque naquela época, apesar de estarmos na periferia de São Paulo, não havia violência. Só precisávamos tomar cuidado com os carros, quando brincávamos na rua. Aliás, estávamos sempre na rua, o dia todo.

Ninguém ficava preso em casa. O vídeo-game ainda não chegara, tv a cabo não existia, internet não existia. Nada nos prendia em casa. Até a hora da mãe chamar para tomar banho e jantar, todo mundo brincava junto até anoitecer, era um grande barato.

Quase todos tinham apelidos ou codinomes. Tínhamos o ‘Juquinha’, o ‘Bactéria’, o ‘Piolho’, o ‘Paulo-Preto’, o ‘Migão’, o ‘Dedê’, o ‘Toco’, o ‘Mindola’, o ‘Ninho’, o ‘39’, o ‘Aranha’, enfim, cada nomeação teve o seu motivo...

Foram os melhores anos de nossas vidas. Quando despreocupados com tudo (deixávamos isso para os nossos pais), voávamos livres, no bairro e na escola.
Vivemos tanto as primeiras brigas, quanto o primeiro beijo. Admirávamos a menina mais bonita da escola e comparávamos nossas notas no boletim. Sofríamos na mão do professor de Educação Física e imitávamos o Michael Jackson, dançando “Billie Jean”.

Hoje quando ouço alguma música da época, é inevitável, pois a memória traz imagens e recordações de pessoas e fatos. Programas de TV da época, brinquedos daquela década, enfim, hoje com o advento da web, qualquer um com trinta e poucos anos, pode se deliciar através do You Tube ou sites do gênero, daquela fase de nossas vidas. E o melhor, através do Orkut podemos até mesmo reencontrar velhos amigos, que não vemos há 20 anos ou mais.

E é assim, que acabamos descobrindo os rumos que alguns tomaram... escolhas que fizeram e moldaram seu futuro.

Um torna-se empresário, outro, que não preocupou-se em estudar muito, ou está desempregado ou em algum emprego sem bom rendimento.
Uma casou bem, e tem uma vida estável, outras, casaram mal e logo se separaram. Algumas colegas engravidaram antes do casamento, outras, souberam esperar e se formar primeiro, estudar primeiro.

Alguns permanecem solteirões. Outros estão no segundo ou terceiro casamento.
Alguns estão se casando ou tendo filhos somente agora, outros já tem filhos adolescentes!

Alguns ainda moram por lá, no mesmo conjunto habitacional. Outros mudaram de bairro, buscando sair da periferia.
Alguns tornam-se religiosos, ou membros de seitas, outros abandonam a religião aprendida em casa. Um torna-se policial, outro, bandido (de verdade). Um torna-se pastor, outro, homossexual...

Alguns de nossos pais já se foram para a eternidade, sim, é verdade.
Assim como um de nós, que se viciou nas drogas anos depois.

Rumos que as pessoas tomam no decurso de suas vidas. Cada um na sua, cada um com uma história. Cada um, colhendo o que plantou.

Seria incrível reunir esse povo todo novamente, 20 ou 25 anos depois, em um encontro onde fôssemos com nossas famílias, e no final pousaríamos para uma grande foto. Foto esta para se comparar com as que bateram da gente, reunidos, quando crianças.

Mas até mesmo porque uns hoje nem se falam mais, por algum motivo, é praticamente impossível realizar este evento. Que pena!

Se pudesse “subir no palanque”, contaria meu testemunho e como foi importante e fundamental minha conversão ao Evangelho. E iria sugerir que fizessem o mesmo, é claro. Falaria de JESUS e de como ele transformou a minha vida.

Se minha infância foi feliz, não posso dizer o mesmo de minha juventude, até conhecer a DEUS através de Sua Palavra.

Bendito seja o SENHOR, que livrou-me da morte, da angústia existencial, da solidão, e escolheu-me para proclamar verdades eternas.


Ricardo
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