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25 de setembro de 2009

Indignação: dever cívico e cristão

Alderi Souza de Matos

Estamos acostumados a pensar na indignação como um sentimento negativo. Certamente ela pode ter essa conotação, como a própria Escritura aponta em diversas passagens. O apóstolo Paulo, ao falar de algumas atitudes que os cristãos deviam abandonar, começa a lista mencionando a ira, a indignação e a maldade (Cl 3.8). É claro que aqui o termo significa desejar o mal para outra pessoa, sentir ódio, e nesse sentido só pode ser algo condenável. Em outros textos, porém, a palavra adquire um sentido positivo, indicando uma reação de inconformidade e de repúdio ao mal, ao erro, à injustiça. Um dos provérbios de Salomão afirma: “Os que desamparam a lei louvam o perverso, mas os que guardam a lei se indignam contra ele” (Pv 28.4). O próprio Jesus teve esse sentimento em algumas ocasiões (Mc 3.5; 10.14).

Corretamente entendida, a indignação pode ser uma atitude não apenas aceitável, mas absolutamente necessária para que certas situações sejam transformadas. Sentir indignação significa reagir diante do mal, não ficar passivo e indiferente, protestar ativamente contra aquilo que atenta contra a verdade, contra a justiça, contra a dignidade humana. Esse é um sentimento que infelizmente tem faltado aos brasileiros, em especial a muitos cristãos. Vivemos num país marcado por clamorosas distorções, por horrendas deturpações em nossa vida nacional... e ficamos calados. Com o nosso silêncio, contribuímos para que o mal se perpetue, aumente e pareça normal. Existem algumas áreas em que devemos mostrar o nosso protesto vigoroso, e também a nossa disposição de dar uma contribuição positiva, de oferecer alternativas melhores.

Sociedade e cultura
Ao lado de muitas coisas apreciáveis, a nação brasileira possui elementos de grande malignidade, que deveriam despertar a indignação de todos, a começar dos cristãos. O nível de violência de nossa sociedade é inaceitável para um país que se diz civilizado, uma “potência emergente”. A criminalidade é um câncer que corrói o tecido social, gerando destruição, desespero, um senso permanente de medo e ansiedade. A periculosidade do trânsito em nossas ruas e estradas é sabidamente uma das maiores do mundo. Devido a esses males, todos os anos milhares de pessoas, a maior parte jovens, perdem a vida, deixando famílias destroçadas pela dor e imensos prejuízos para o país. O desrespeito pela vida humana no Brasil também assume outras formas, como as condições aviltantes em que vivem milhões de pessoas e a lamentável situação de boa parcela dos serviços de saúde pública. No entanto, o fatalismo amortece as consciências e pouco se faz para mudar tais situações.

Precisamos protestar e clamar contras essas indignidades de maneira vigorosa e ao mesmo tempo inteligente e criativa. Um belo exemplo desse tipo de iniciativa é o movimento Rio de Paz, da Igreja Presbiteriana da Barra da Tijuca, pastoreada pelo Rev. Antônio Carlos Costa, que por meio de ações silenciosas, mas de grande dramaticidade (como colocar milhares de cruzes numa praia), procura sensibilizar governantes e opinião pública para os números da violência no Brasil. Todos nós podemos fazer telefonemas, enviar e-mails, contatar os nossos representantes, apelando contra a impunidade, reivindicando leis mais rigorosas, exigindo maior responsabilidade e eficiência das autoridades.

Política e governo
Outra área em que ocorrem chocantes deformações da vida nacional brasileira é o setor político. Diariamente, nos noticiários, somos obrigados a assistir ao espetáculo deprimente dos órgãos legislativos com suas CPIs ineficazes, com seus conselhos de ética coniventes com o erro, com seus deputados e senadores sob permanente suspeita de irregularidades. São nossos representantes, são pagos com os nossos impostos, mas muitos deles estão mais interessados em defender as suas agendas pessoais, os seus mesquinhos interesses paroquiais e partidários. Quanto ao executivo federal, é dirigido por um líder que gosta de exaltar as virtudes da democracia, mas tolera ações ilícitas de movimentos de esquerda, prestigia governantes estrangeiros que violam direitos humanos e, em nome do questionável conceito de “governabilidade”, adula partidos e políticos conhecidos por sua falta de integridade moral.

Onde está a nossa indignação contra tal estado de coisas? Seria maravilhoso se o povo brasileiro demonstrasse nesse âmbito o mesmo entusiasmo que tem, por exemplo, pelos esportes. Muitos fazem tudo pelo seu time preferido, até cometem desatinos, mas onde está a torcida organizada a favor do Brasil, onde estão aqueles que vestem a camisa do patriotismo, da defesa da lei e da ordem, a começar pelas altas esferas do poder? Precisamos nos mobilizar, mostrar a nossa insatisfação, a nossa divergência do que está ocorrendo, sair do marasmo, da passividade cúmplice, pelo voto responsável, pela cobrança de coerência, de resultados, de ações moralizadoras. A experiência tem demonstrado que, quando as pessoas se mobilizam e reivindicam, os mandatários respondem.

A própria carne
Os cristãos em geral e os evangélicos em particular não terão autoridade moral para clamar contra essas aberrações da vida brasileira, não poderão ser a “consciência do Estado”, se não tomarem providências, ao mesmo tempo, para pôr em ordem a sua própria casa. Em décadas passadas, a imagem dos crentes era positiva. Embora considerados um tanto esquisitos, chamavam a atenção pelo estilo de vida simples, pela integridade pessoal, pela rigorosa honestidade. Hoje, teologias deturpadoras do evangelho geram uma cultura religiosa triunfalista que anestesia as pessoas e as torna incapazes de ver os seus próprios erros. Os líderes recebem dos seus fiéis carta branca para fazerem o que desejam sem ser questionados ou criticados. Quando ocorre alguma denúncia, por mais fundamentada que seja, é interpretada como perseguição, ataque do “inimigo” e desrespeito pelo servo do Senhor.

Com isso, as igrejas evangélicas deixaram há muito tempo de ser sal e luz na sociedade brasileira. São percebidas como mais um segmento a lutar pelo próprio sucesso, pela defesa de seus interesses corporativos, e não pelo bem da coletividade. Os evangélicos conscienciosos são desafiados a clamar contra os pecados da igreja brasileira, sua rendição aos valores da sociedade materialista, seu afastamento dos preceitos de Cristo. Eles precisam se levantar e bradar contra os erros de seus dirigentes, contra as mensagens falsas e demagógicas de seus pregadores televisivos, e dizer-lhes que terão de prestar constas de seus atos às pessoas e a Deus.

Conclusão
É compreensível o sentimento de impotência e desalento que toma conta de muitos brasileiros de boa vontade, inclusive nas nossas igrejas, diante de vícios tão antigos, poderosos e arraigados que existem em nossa sociedade. Tem-se a impressão de que será impossível extirpá-los do nosso meio. No entanto, a experiência de outros povos mostra que não precisa ser assim. Na Inglaterra do século 18, a indignação e as ações concretas de muitos líderes cristãos, como o político William Wilberforce, contribuíram para o fim do tráfego de escravos e a eliminação do trabalho infantil. Nos Estados Unidos, já no século 20, o protesto do pastor Martin Luther King iniciou o vigoroso movimento que resultou no fim da segregação racial. Mesmo quando os esforços dos cristãos terminam em aparente derrota, como no caso de Dietrich Bonhoeffer, que foi morto por conspirar contra o diabólico regime de Hitler, seu exemplo e testemunho inspiram muitas pessoas a lutar pelo bem. Fiquemos indignados de maneira correta, pelos motivos corretos -- é nosso dever como cristãos e como cidadãos.

• Alderi Souza de Matos é doutor em história da igreja pela Universidade de Boston e historiador oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil. É autor de A Caminhada Cristã na História e “Os Pioneiros Presbiterianos do Brasil”.
asdm@mackenzie.com.br

FONTE: http://www.ultimato.com.br

15 de setembro de 2009

OS POVOS INDÍGENAS NO BRASIL E A URGÊNCIA MISSIONÁRIA

UBEMISS

Vivemos em um país com 257 tribos indígenas perfazendo uma população aproximada de 364.000 pessoas. Segundo o pesquisador Paulo Bottrel(1) apenas 4 etnias (Katuena, Mawayana, Wai-Wai e Xereu) possuem a Bíblia completa, 34 dispõem do Novo Testamento e outras 59 contam com porções bíblicas. Entretanto mais de 120 tribos necessitam urgentemente da tradução das Escrituras. Apesar das 25 Agências Missionárias que bravamente atuam entre os índios em nosso país ainda contamos com um vasto campo que necessita do evangelho e 103 grupos permanecem sem presença missionária.

É certo que o desafio vai muito além das estatísticas e das palavras, pois é prefigurada por faces, vidas, histórias e culturas milenares as quais tem sofrido ao longo dos séculos a devassa dos conquistadores, a forte imposição sócioeconômica, etnofagias e perdas culturais.

Em meio a todo este quadro há necessidade gritante de homens e mulheres que se disponham a encarar a transmissão do evangelho valorizando o homem e sua cultura dentro de uma esfera de compreensão lingüística e aplicabilidade social, o que envolve o ultrapassar de várias barreiras. Uma delas é o estudo, registro, preservação, uso e valorização das línguas maternas.

O Apelo das Minorias

No contexto sul-americano nosso país possui a maior densidade lingüística e diversidade genética e, paradoxalmente, uma das menores concentrações demográficas por língua falada. As 185 línguas indígenas são distribuídas em 41 famílias, dois troncos e uma variedade desconhecida de línguas isoladas(2). Em meio a esta grande diversidade apenas 3 etnias (Tikuna, Kaingang e Kaiwá) possuem mais de 20.000 pessoas e a média de falantes por língua é de 196 pessoas. 53 povos têm menos de 100 indivíduos e há aqueles com menos de 10 representantes como os Akunsu, com 7 pessoas, os Arua com 6 e os Juma também com 7 indivíduos. Quando pensamos em grupos indígenas nos confrontamos com a realidade de povos minoritários.

Nos anos 80 pesquisadores do Museu Goeldi encontraram os dois últimos falantes do Puruborá. Em 1995 foi identificado um grupo arredio como sendo falante do até então desconhecido Canoê(3) e Pierre Grenand reconhece a existência de 52 grupos ainda sem contato com o mundo exterior cujas línguas não foram estudadas, praticamente todas minoritárias.

O Brasil evangélico não indígena, por sua vez, experimenta desde os anos 80 um rápido crescimento tanto em número de templos como de convertidos, motivo de louvor a Deus. Isto por outro lado têm nos levado a desenvolver uma missiologia mais pragmática, que cultua os resultados, do que Escriturística, que valoriza a Palavra. Assim tanto a expectativa missionária por parte do corpo evangélico nacional quanto à prática no plantio de igrejas valoriza o quantitativo. E isto não será encontrado no universo indígena, pois a conversão de toda uma tribo pode representar, em alguns casos, apenas uma dúzia de pessoas. Precisamos ser relembrados da proposta de Jesus: tornar-se conhecido dentre todos os povos, tribos línguas e nações da terra(4) e isto jamais acontecerá enquanto não alcançarmos os grupos minoritários. Precisamos de uma Igreja apaixonada por Jesus e disposta a gastar bastante tempo e recursos no preparo de seus obreiros a fim de fazer o Evangelho de Cristo conhecido entre todos os povos, também os minoritários.

O Apelo da Subsistência Lingüística

Michael Kraus(5) afirma que 27% das línguas sul-americanas não são mais aprendidas pelas crianças. Isto significa que um número cada vez maior de crianças indígenas perde seu poder de comunicação a cada dia. Isto possui raízes diferenciadas que vai desde a imposição socioeconômica nas tribos mais próximas dos vilarejos e povoados até a falta de uma proposta educacional na língua materna, fazendo-os migrar para o português.

Rodrigues(6) estima que, na época da conquista, eram faladas 1273 línguas, ou seja, perdemos 85% de nossa diversidade lingüística em 500 anos. Luciana Storto delata uma crise sociolingüística no estado de Rondônia onde 65% das línguas estão seriamente em perigo por não serem mais usadas pelas crianças e por terem um número pequeno de falantes.

Precisamos perceber que a perda lingüística está associada às perdas culturais irreparáveis como a transmissão do conhecimento, formas artísticas, tradições orais, perspectivas ontológicas e cosmológicas. Perde-se também a ponte de comunicação para um pleno entendimento do evangelho. No processo de transição, quando a língua materna é perdida, normalmente há o que podemos chamar de ‘geração perdida’, um vácuo cultural que normalmente atinge uma geração inteira. Ou seja, no processo de perda lingüística e migração para o português, os grupos indígenas normalmente passam por um processo de adaptação quando não possuem mais fluência na antiga língua materna e também não aprenderam o suficiente do português para uma comunicação mais profunda, processo que em média dura 30 anos. Este é um momento de perigo onde a identidade indígena é auto-questionada, seus valores perdidos e sobretudo seu poder de comunicação. A presença missionária catalogando, analisando e registrando a língua indígena a valoriza perante seu próprio povo e abre caminho para sua preservação. O Evangelho assim não apenas responde os questionamentos da alma mas contribui para a sobrevivência cultural.

O Apelo da Tradução Bíblica

‘Se Deus nos ama, por que Ele não fala a nossa língua ?’

Estas palavras impactaram a mente de William Cameron Townsend quando trabalhava com o povo Cakchiquel da Guatemala desde 1919. Após ser despertado para a necessidade de comunicar o evangelho na língua materna de cada povo ele se dispôs a fundar a SIL (Sociedade Internacional de Lingüística) que atua perseverantemente na tradução das Escrituras. Mas esta não é apenas uma preocupação moderna. Martinho Lutero, reformador protestante, percebeu rapidamente a incapacidade da Igreja conhecer a Deus sem conhecer a Palavra e assim lançou em 1534 a primeira edição da Bíblia por ele traduzida.

A força missionária tem sido ao longo das décadas um divisor de águas na subsistência das línguas indígenas brasileiras sob o esforço da SIL (7) e Missão Novas Tribos do Brasil dentre outras Agências missionárias e atualmente novas organizações como ALEM8 tem liderado o interesse pela tradução bíblica. Boa parte devido aos nossos preciosos irmãos norte-americanos que valorosamente trabalharam e trabalham na análise e grafia lingüística e tradução da Palavra para vários idiomas, como o caso do missionário Robert Hawkins que dedicou 54 anos de sua vida traduzindo a Bíblia completa para a língua Wai-Wai.

O presente apelo é por obreiros brasileiros, com desejo de se esmerarem no estudo lingüístico e se prepararem da melhor forma possível para transmitir o evangelho a mais de 120 línguas no Brasil Indígena.

Conclusão

Cerca de 3 anos atrás, quando estávamos integralmente envolvidos com a evangelização dos Konkombas em Gana na África, participei de uma conferência em Chicago onde se reuniam missiólogos e missionários de boa parte do mundo. Muitos temas eram estudados mas sobretudo havia oportunidade para desafios missionários nas preleções da noite. Em minha sessão, falando sobre povos ainda não alcançados, tentei confrontar o auditório com um silogismo bíblico de responsabilidade na comunicação do evangelho dizendo: ‘...em Gana a Igreja fortemente expressiva no sul do país ainda não se despertou para as quase 100 tribos não alcançadas ao norte, dentre elas os Konkombas-Bimonkpeln com os quais trabalhamos. Infelizmente ainda é necessário o envio de missionários estrangeiros para o alcance das tribos ao norte porque a Igreja dorme’.

Na preleção a seguir um norte americano falaria sobre o desenvolvimento de igrejas autóctones. Ele iniciou seu sermão mais ou menos da seguinte forma: “Fui missionário por mais de 20 anos na Amazônia brasileira entre indígenas ainda não alcançados pois apesar da existência de milhões de evangélicos naquele país não havia missionários suficientes. Isto por que a Igreja dorme.”

Senti-me muito constrangido mas reconheci, infelizmente, que suas palavras não estavam tão longe da verdade. É possível mudar.

Notas:
1 Responsável pelo banco de dados da AMTB
2 Segundo Aryon Rodrigues, ‘Línguas Indígenas – 500 anos de descobertas e perdas’
3 Segundo relato de Pierre e Fraçoise Grenand
4 Apocalipse 5:9 5 Michael Krauss - The world’s languages in crisis’
6 Idem Nota 2
7 Sociedade Internacional de Lingüística 8 Associação Lingüística Evangélica Brasileira

Ronaldo Lidório - É doutor em Antropologia, missionário da Missão AMEM em parceria com a APMT

Extraído da Revista AMEM, nº 13, 3º Trim/2003. pp.12-14.

Fonte: Missão AMEM - http://www.wecbrasil.com.br

10 de setembro de 2009

Livros grátis, Creative Commons, Cristianismo e o futuro do Conhecimento

ABAIXO LISTO OS E-BOOKS QUE ESCREVI OU ORGANIZEI, E QUE PODEM SER BAIXADOS GRATUITAMENTE. BAIXE, LEIA E COMPARTILHE:

ÁGUAS VIVAS. Uma antologia reunindo textos de 10 poetas evangélicos contemporâneos, apresentando autores relativamente pouco conhecidos ao lado de outros já consagrados, como o Pr. Israel Belo de Azevedo, Pr. Josué Ebenézer e o Prof. Noélio Duarte, membros Academia Evangélica de Letras do Brasil (AELB), e o bardo português João Tomaz Parreira, entre outros.
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SABEDORIA: Breve Manual do Usuário. Uma antologia temática de versículos bíblicos, frases, pensamentos, trechos de poemas, e ditados de diversas culturas, em 250 páginas.
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3 Irmãos Antologia. Um pouco do melhor da poesia evangélica em língua portuguesa. Poemas de Gióia Júnior, Joanyr de Oliveira e J. T. Parreira.
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A Blindagem Azul. Segundo livro de poesias evangélicas de minha lavra.
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Antologia de Poesia Cristã em Língua Portuguesa. Antologia reunindo poemas de caráter genuinamente cristão de grandes nomes da literatura lusófona, desde Camões até os dias atuais, passando por escritores e poetas como Machado de Assis, Fernando Pessoa, Alexandre Herculano e muitos e muitos outros. Poemas de mais de 80 autores, dentre brasileiros, portugueses e africanos.
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Uma Abertura na Noite. Meu primeiro livro de poemas, escrito logo após minha conversão. Do ateísmo e anarquismo para os braços de Cristo!
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A alguns dias o pastor Jarbas Aragão escreveu um excelente artigo, que publiquei aqui, Cristianismo Creative Commons. Todos os livros acima, que escrevi ou organizei, estão liberados por uma licença Creative Commons.

Mas o que é Creative Commons?, o leitor mais desavisado deve estar se perguntando. No site da Creative Commons Brasil, que é de iniciativa da Fundação Getúlio Vargas, há uma sucinta, mas creio que bastante clara definição para o termo:

“O Creative Commons disponibiliza opções flexíveis de licenças que garantem proteção e liberdade para artistas e autores. Partindo da idéia de "todos os direitos reservados" do direito autoral tradicional nós a recriamos para transformá-la em "alguns direitos reservados".”

Para você ter uma idéia, até o famigerado Blog do Planalto (leia-se Blog do Presidente Lula), tem seus textos licenciados em CC. A Wikipédia também.

Creative Commons é uma padronização de uma idéia maior, a do Copyleft. Vejamos o que mamãe Wikipédia diz sobre isso:

“Copyleft é uma forma de usar a legislação de proteção dos direitos autorais com o objetivo de retirar barreiras à utilização, difusão e modificação de uma obra criativa devido à aplicação clássica das normas de propriedade intelectual, sendo assim diferente do domínio público que não apresenta tais restrições. "Copyleft" é um trocadilho com o termo "copyright" que, traduzido literalmente, significa "direitos de copia".”

Para entender em profundidade estes conceitos de Copyright e Copyleft, além dos próprios ditos Direitos Autorais, Clique Aqui para ler um artigo de Pablo Ortellado, fundamental sobre este tema. Vale a pena ler até o fim.

Uma boa iniciativa neste sentido foi criada pelo irmão espanhol Jaaziel. Valendo-se do conceito de Creative Commons, ele engendrou a licença Copycristian (copyleft cristão). Veja Aqui e Aqui. A iniciativa já agrega mais de 100 blogs.

Eu acredito em Copyleft. Eu acredito em Creative Commons, e acredito que este é o futuro da informação e do conhecimento. E acredito ainda que este livre compartilhar de saberes é a forma mais cristã possível de socializar a informação, seja ela qual for. Deveríamos mesmo ter sido nós, cristãos, a criarmos este conceito de Copyleft, embora a igreja sempre tenha se valido do mesmo, desde seu início. Nada mais natural.

Há muitos ministérios e pessoas (pastores, escritores, etc.), e até mesmo editoras evangélicas que oferecem material gratuito na internet, em português e principalmente em inglês. Eles entenderam a mensagem, vencendo, por amor a Cristo, de diversas formas e em variados níveis, o jugo do Grande Cifrão ($). O Grande Cifrão-Deus, do qual muitos cristãos nem se deram ainda conta de que são prisioneiros, ou o mais usual, não entenderam o alcance viral e multidimensional desta prisão, que molda e compõe tudo o que eles fazem e mesmo são. Calma aí, não estou pregando o comunismo, nem demonizando quem ‘vende’ seus livros, DVDs e etc. Trata-se de algo bem mais simples e prosaico, é como aquele lance do filme Matrix: Como me libertar se não sei que sou prisioneiro, se não percebi que estou numa grande e feita invisível (ao seu criador agrada isso) Matrix? O dinheiro faz isso conosco, e mudamente ‘responde por tudo’ (Ec 10.19). Quando não, o mínimo que todo este movimento pode produzir é uma diminuição do preço geral dos produtos. E mesmo o fim da pirataria. O quê??! Sim, isso mesmo. Amigos, o assunto é muito vasto e profundo, e me sinto humildemente incapaz de explaná-lo como deveria. Por isso falo dele aqui e tenho proposto esta discussão em meus blogs e outros canais, por isso quero que você conheça, entenda e se envolva. Sua opinião é importante. Agora mesmo, enquanto você lê este texto, este assunto dos Direitos Autorais e sua problemática está sendo pensado e discutido por grande parte da vanguarda do pensamento atual, em diversos países.

Mas mudemos de foco. Nos meus primeiros contatos sistemáticos com a internet, lá pelos anos de 2005, 2006, conheci o irmão Naasom Souza, e seu blog, o Letras Santas . O Naasom já vinha a um bom tempo fazendo algo singular: ‘garimpando’ a internet em busca de material evangélico LIBERADO PELOS PRÓPRIOS AUTORES, e divulgando em seu blog. E também material escrito por ele mesmo. Passei a enviar dicas, e em pouco tempo me tornei colaborador do mesmo, blogando e garimpando. Hospedando os materiais encontrados no site 4Shared, ele criou a Biblioteca Letras Santas. Estamos já em 2009, e esses anos de ‘garimpo’ contínuo renderam bons frutos: já são centenas de materiais (e-books, apostilas, gráficos, apresentações e etc.) livremente disponibilizados ali.
Acesse a Biblioteca e confira, ela é pública e livre:

http://www.4shared.com/dir/1727479/71ecfce9/sharing.html

Poderia ainda citar todos os ministérios e sites que conheço e que oferecem materiais livremente, mas o artigo se prolongaria. Deixemos para outro post. E você, tem algo para compartilhar com o Corpo de Cristo? O que está esperando?

Pensou mesmo que eu terminaria o artigo sem citar o versículo que você pensou que eu não citaria? Nã-nã...

“De graça recebestes, de graça daí”. (Mt 10.8b)

Sammis Reachers
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