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30 de setembro de 2008

O CRISTÃO E AS ELEIÇÕES


No dia da eleição, deveríamos ser os melhores cidadãos, votando no candidato que seja o melhor para todas as pessoas.
Por Charles Colson e Anne Morse

Votar consciente não é apenas nosso dever cívico, mas sagrado.
Tenho me surpreendido com a quantidade de cristãos que desistiram de votar este ano. Alguns dizem: “Eu não gosto de nenhum candidato, portanto vou ficar em casa.”
Também estou cheio das atitudes vãs e das promessas vazias, mas deixar de votar não é uma opção - é nosso dever tanto cívico quanto sagrado. Votar nos é imperativo como bons cidadãos e como agentes de Deus na indicação de líderes.
Então, como devemos fazer para escolher os melhores candidatos? Não empunhando uma bandeira partidária - isso é ideologia barata. Ao contrário, os cristãos vivem pela verdade revelada, jamais cativos a um determinado partido. Portanto, o melhor lugar para buscar sabedoria não é no programa dos candidatos, mas na Bíblia.
O sogro de Moisés, Jetro, o aconselhou a indicar como governantes “homens capazes, tementes a Deus, dignos de confiança e inimigos de ganho desonesto”. O padrão é competência e honestidade.
Mais tarde, Deus ordenou a Samuel para que escolhesse Saul, que “libertará o meu povo das mãos dos filisteus”. Esta passagem nos traz à mente o ensinamento de Paulo em Romanos 13, que diz que o papel do governo é empunhar a espada para preservar a ordem e reprimir o mal. Assim, devemos escolher líderes mais bem capacitados para realizar esse propósito e perseguir a justiça.
Hoje, Deus não escolhe mais nossos líderes diretamente (embora muitos de nós quiséssemos que ele escolhesse, pelo menos nos pouparia das cansativas campanhas políticas). Vivemos em uma democracia, de modo que Deus confiou a nós a tarefa de escolher os líderes que ele irá ungir. (Deuteronômio 1.12-13 nos mostra que os princípios democráticos remontam diretamente ao Antigo Testamento). Como Samuel, devemos escolher líderes dotados de competência, virtudes e caráter. Eis a razão pela qual deixar de votar ou rejeitar candidatos porque eles não são perfeitos à luz de uma avaliação bíblica ou política é uma negligência com respeito ao nosso compromisso.
Tampouco devemos votar em um candidato apenas porque ele se auto-denomina cristão - por mais surpreendente que isso pareça. Em vez de focarmos a denominação dos candidatos, deveríamos procurar identificar o candidato mais capaz. Martin Luther King, em uma frase famosa, disse que preferia ser governado por um turco competente, ou seja, um muçulmano, a ser por um cristão incompetente.
Deveríamos votar pensando no bem comum, termo raramente ouvido nos acalorados debates políticos. Nossos fundadores compreenderam isso muito bem, razão pela qual utilizavam o termo “bem-estar público” ou comunidade. Porém, atualmente, os políticos servem a interesses particulares, como vemos comumente, quando os congressistas desperdiçando milhões de reais em recursos adicionados às emendas do orçamento, favorecendo a empresas ou instituições específicas para a execução de projetos, sendo o dinheiro destinado a tais empresas ou instituições sem concorrência pública, como remuneração aos aliados especiais.
No entanto, ao olharmos para a política da perspectiva de Deus, vemos que ele possui um profundo e permanente interesse em que todas as pessoas sejam tratadas com justiça. Se Deus favorece a algum “grupo especial”, é aquele formado pelos pobres, pelos famintos, pelos portadores de alguma deficiência, pelos não-nascidos, pelos cativos, ou seja, aqueles que têm menos acesso ao poder político.
Eis a razão pela qual nós, cristãos, jamais deveríamos nos permitir ser, como a mídia nos tem caracterizado com freqüência, apenas mais um grupo que luta em defesa de seus próprios interesses. Se fôssemos um grupo partidário, deveríamos estar lutando pela dignidade de todos, em especial daqueles que não podem falar por si mesmos.
Portanto, é possível que algum candidato não vá cortar os impostos ou votar por seu programa favorito, mas a questão real é: ele irá servir a todas as pessoas, ou somente àquelas que gritarem mais alto?
Após considerar esses critérios, se você ainda estiver pensando em ficar em casa no dia das eleições, jogue fora o seu exemplar de Cidade de Deus, obra na qual Agostinho nos apresenta a idéia de que vivemos com um pé na Cidade de Deus e outro na Cidade dos Homens. Ao descrevê-las, ele reitera o ensinamento de Jesus de que embora os cristãos vivam, no presente, na Cidade dos Homens, eles não pertencem a ela. Somos como forasteiros em um país estrangeiro; nosso verdadeiro lar está na Cidade de Deus.
Porém, Agostinho também ensinou que se desejarmos desfrutar das bênçãos da Cidade dos Homens, temos de assumir as obrigações da cidadania. Em vez de cumprir nosso dever cívico por obrigação, o cristão o faz de bom grado, por obediência a Deus e amor ao próximo.
O ensino de Agostinho igualmente nos ajuda a colocar a próxima eleição na perspectiva correta. Alguns se rejubilarão diante do resultado, enquanto outros sentirão o amargor do desapontamento. No entanto, independentemente dos resultados, a Cidade de Deus permanece. Após a queda de Roma, Agostinho escreveu que a Cidade do Homem é construída pelo homem e pode ser destruída pelo próprio homem, mas a Cidade de Deus é edificada por Deus e jamais será destruída.
No dia da eleição, deveríamos ser os melhores cidadãos, votando no candidato que seja o melhor para todas as pessoas.
E, então, no dia seguinte, após exagerar na celebração ou autocomiseração, arregace as mangas e ocupe-se em trabalhar para o avanço do Reino de Deus nessa sociedade terrena.


Portal CRISTIANISMO HOJE - http://www.cristianismohoje.com.br/
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