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30 de dezembro de 2008

MODISMOS E MISSÕES

Oswaldo Prado

Todos nós sabemos que a Igreja foi estabelecida para espalhar a glória de Deus por toda a Terra. Nada mais, nada menos que isso.

Exatamente por isso temos hoje, em solo brasileiro, a semente do Evangelho de Cristo, que foi plantada aqui, especialmente a partir de meados do século 19.

O processo mais natural seria que esta Igreja Evangélica Brasileira, plantada por missionários forâneos, se tornasse, a partir de então, um agente promotor da glória do Senhor.

Mas não foi exatamente isso o que aconteceu. Esse Evangelho chegou até nós, igrejas foram plantadas, vidas foram transformadas, mas a visão da missão da Igreja ficou bem aquém daquilo que deveria ter acontecido.

Ou seja, o Evangelho avançou muito, mas priorizando sempre as próprias denominações e estruturas eclesiásticas, e também as suas posturas apologéticas.

Algo aparentemente inusitado veio a acontecer na década de 80, com um despertamento missionário entre muitas igrejas do nosso Brasil.

Proliferaram as conferências missionárias e muitos jovens e casais foram chamados e enviados para muitos lugares deste mundo. Nosso país passou a ser visto como "celeiro de missionários" e não mais como "campo missionário".

Tendo liderado por 10 anos uma agência missionária transcultural, pude ver com meus próprios olhos o que Deus fez em nosso meio. Passamos de pouco mais de 800 missionários transculturais na década de 80 para mais de 2000 nos anos 90! Quem poderia imaginar algo assim?

Mas o tempo passou... Hoje estamos, já, no século 21 e muita coisa aconteceu de lá para cá, especialmente no que ser refere ao compromisso missionário de nossas igrejas.

Existem vários fatores que têm se tornado em obstáculos para o avanço do labor missionário. Mas, a meu ver, um dos fatores que tem capitaneado esta lista tem sido os modismos que vem e vão, mas estão sempre presentes em nosso meio.

Somos um povo evangélico que já deu provas suficientes que busca e persegue os modismos. A história da nossa geração tem o estigma do descartável, portanto, da mesma forma que algum tempo atrás estávamos imersos em algum tipo de liturgia ou hinologia em nossas igrejas, hoje iremos notar que muita coisa mudou.

E como não poderia deixar de acontecer, esses modismos vieram comprometer, especialmente nestes últimos anos, o avanço missionário brasileiro iniciado 20 anos atrás.

Mas, o que são esses “modismos”?

São movimentos cíclicos que surgem no meio da Igreja e que, na verdade, são modelos que nascem muitas vezes fora do nosso contexto nacional, mas são vistos como um grande recurso para o crescimento e sucesso de nossas igrejas.

Certamente muitos deles tem sua validade. No entanto, a pergunta que deveria ser feita é a seguinte: "Estes movimentos ou modismos tem ajudado o avanço da obra missionária (mono e tranculturalmente) ou apenas tem levado nossas comunidades a 'crescerem dentro delas mesmas'?”.

Quantas de nossas igrejas hoje tem uma estrutura formada para servir a missão?

Nossa adoração têm nos levado a estar não somente diante do trono, mas também diante do perdido e do oprimido?

Nossas mensagens têm sido direcionadas a alimentar nosso rebanho e também a desafiá-lo a servir “fora das portas”?

Nossas reuniões administrativas têm servido para simplesmente gerenciar os negócios da igreja ou para servir melhor aqueles que não fazem parte de nossa comunidade?

Os recursos que tem entrado têm sido usados prioritariamente para manutenção da estrutura funcional da igreja ou canalizados para sustentar missionários e obreiros para plantação de novas igrejas?

Se estas perguntas nos levarem a conclusão de que estamos servindo muito mais a nós mesmos do que aqueles que não conhecem o Evangelho do Reino, então certamente estamos imersos em algum tipo de modismo, que tirou nosso foco da missão da Igreja.

Nesse caso, o melhor de tudo é parar para refletir, orar e voltar ao caminho que Jesus nos propôs: servir aos que não fazem ainda parte do Seu Reino.

Fonte: SEPAL - http://www.sepal.org.br
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