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27 de abril de 2011

CPI do Tráfico Humano é instalada no Congresso

Foi instalada hoje, no Senado Federal, a CPI do Tráfico Humano, criada a partir do requerimento da senadora Marinor Brito (PSOL/ PA) e da qual será relatora. No momento, também foram escolhidos os nomes para a presidência e vice-presidência da comissão: respectivamente, os senadores Vanessa Grazziotin (PCdoB/ AM) e Randolfe Rodrigues (PSOL/ AP).

Marinor Brito destacou a importância da CPI, principalmente no momento em que o país se prepara para sediar a Copa do Mundo e, conseqüentemente, há um aumento nos índices de tráfico humano. A senadora afirmou ainda que os trabalhos da comissão vão ser realizados em uma coordenação colegiada, interagindo com os funcionários da Casa.

O tráfico humano é uma das atividades criminosas mais lucrativas do mundo, movimentando cerca de US$ 32 bilhões ao ano e o principal destino da rota internacional são para Portugal, Bélgica, Suíça e Itália. As finalidades do tráfico humano são para o trabalho escravo, exploração sexual e tráfico de órgãos.

26 de abril de 2011

Dica de livro - TEOLOGIAS CONTEMPORÂNEAS


O que teólogos tão polêmicos quanto Karl Barth, Dietrich Bonhoeffer, Wolfhart Pannenberg e Gustavo Gutiérrez têm em comum?
Se você não sabe a resposta, não pode deixar de ler o livro Teologias Contemporâneas. Nele os autores oferecem uma crítica bastante pertinente das principais teologias contemporâneas.
A novidade desta edição em português é o acréscimo de um apêndice escrito pelo teólogo e filósofo Jonas Madureira. Nesse apêndice, é apresentada a teologia de Carl F. H. Henry, considerado por Billy Graham como o mais importante teólogo do evangelicalismo.
Autores: Stanley J. Grenz – Ed.L. Miller
Editora: Vida Nova
Formato: 14 x 21 cm / 272 Páginas
Edição: 2011

Obra esclarecedora e de grande relevância para a compreensão dos vários movimentos observados na Teologia de praticamente todo o século XX, e seus desdobramentos até os dias atuais. O texto, conciso sem ser superficial, e muito bem escrito, é do tipo que não dá vontade de parar de ler. Leitura recomendada! 

19 de abril de 2011

LUIZ SAYÃO: O DESAFIO DA TRADUÇÃO BÍBLICA


Toda versão bíblica tem e precisa ter claro foco sobre o público a que se destina e uma linha teológica bem definida


Cada vez que um cristão brasileiro abre seu exemplar da Bíblia Sagrada, tem diante dos olhos uma bela e épica história – a da tradução das Escrituras para nosso idioma. Essa história começa ainda na Idade Média, em Portugal. Pouca gente imagina, mas a língua portuguesa está entre as pioneiras no contexto europeu. Os primeiros textos bíblicos em português apareceram antes mesmo das versões em inglês, do francês e alemão – e graças ao rei português D. Diniz (1279-1325). Com base na Vulgata Latina, o monarca traduziu até o capítulo 20 do livro de Gênesis. Apesar disso, os mais antigos registros de tradução da Bíblia na língua de Camões deixados para a posteridade são de 1495. 



Mas falar em tradução bíblica é falar em João Ferreira de Almeida. Nascido em 1628, próximo a Lisboa, Almeida fez história como o primeiro a traduzir o texto bíblico a partir das línguas originais. O Novo Testamento de Almeida foi completado em 1676, e acabou sendo publicada em 1681, na Holanda. Até morrer, o tradutor avançou pelo texto do Antigo Testamento até o livro do profeta Exequiel. E o trabalho foi completado por Jacobus op den Akker, da Batávia, em 1748. Todavia, somente cinco anos mais tarde, em 1753, é que foi impressa a primeira Bíblia completa em português. 



A célebre tradução de João Ferreira de Almeida recebeu muitas revisões nas últimas décadas e deu origem a várias versões similares. A verdade é que as novas revisões do texto o distanciam em muito do texto original de Almeida. Hoje, existem quatro versões cirrigidas: a Corrigida antiga, de 1942; a Corrigida Fiel (1994); a Corrigida 2ª edição, de 1995, e finalmente a Corrigida Juerp, lançada em 1997. Já a versão Atualizada, profunda revisão de estilo e crítica da Corrigida já tem duas versões – a primeira e a Atualizada 2ª edição, de 1997. Além disso, merecem destaque também a Versão Revisada (1967), publicada pela Imprensa Bíblica Brasileira-Juerp, e a versão Contemporânea, da Editora Vida (1990). 



Somente na década de 1970 é que muitas novas traduções da Bíblia passaram a ser publicadas. O resultado de tantos anos de profundos estudos bíblicos são uma série de versões não literais e baseadas na pesquisa exegética e lingüística mais recente. No segmento católico, surgiram as primeiras versões traduzidas a partir das línguas originais. Em 1976, foi publicada a Bíblia de Jerusalém, erudita e repleta de notas técnicas. Seis anos depois, surge a Bíblia Vozes, com uma linguagem menos vetusta, mas com boa base exegética. Mais tarde, vieram a Bíblia Pastoral (1990), com estilo mais popular e dependente da Teologia da Libertação; e a Tradução Ecumênica, de 1997, muito erudita e a mais rica em notas críticas e lingüísticas disponível em português. Mais recentemente, surgiram a Tradução da Bíblia da CNBB (2001), a Nova Bíblia de Jerusalém (2002 – uma revisão completa da antiga) e a Bíblia do Peregrino, publicada em 2002, dirigida pelo prestigiado exegeta Luis Alonzo Schökel. 



No meio protestante, foram publicadas pela Sociedade Bíblica do Brasil, a SBB, a popularíssima Bíblia na Linguagem de Hoje (1988). Suas características são uma linguagem popular e uma tradução mais flexível, mas baseada em exegese erudita e respeitada e com um enfoque teológico bem mais aberto. Depois dela, ainda veio a Nova Tradução na Linguagem de Hoje (2000), ainda mais coloquial. No mesmo ano, foi publicada a Nova Versão Internacional, a NVI, pela Sociedade Bíblica Internacional. Trata-se de uma versão caracterizada por precisão técnica, linguagem atual, fluência, riqueza exegética – e foi muito apreciada por ser genuinamente evangélica em sua abordagem teológica. A NVI foi um projeto elaborado por cerca de 20 estudiosos e que durou dez anos. Finalmente, em 2008, é lançada uma revisão profunda de Almeida por um grupo de editoras evangélicas de peso: Juerp, Hagnos, Vida Nova e Atos. É a chamada versão Almeida Século 21. Trata-se de uma versão que pode ser definida por sua exatidão e fluência, sem abrir mão da tradição. 



O desafio de traduzir a Bíblia começa com a questão do texto original. É de conhecimento geral que não temos os manuscritos originais das Escrituras – mas há milhares de cópias guardadas em bibliotecas, museus e instituições religiosas de todo o mundo. Todas as traduções são feitas a partir dessas cópias. Sempre que se quer lançar uma nova tradução, épreciso um trabalho minucioso de crítica textual muito bem feito com esses manuscritos, para se obter o máximo de fidedignidade, ou, em outras palavras, chegar-se ao texto mais próximo do original. Graças a Deus, a Bíblia é um dos livros mais bem preservados da história. O resultado desse trabalho está na Biblia Hebraica Stuttgartensia, Antigo Testamento baseado no Texto Massorético,e no Novum Testamentum Graece, editado por Eberhard Nestle e Kurt Aland, ambos publicados pela Deutsche Bibelgesellschaft , a Sociedade Bíblica Alemã. O fato é que quase todas as traduções bíblicas do mundo baseiam-se principalmente nesses textos, considerados o consenso pela vasta maioria dos estudiosos da área. Apesar da grande concordância entre eles, há algumas variações entre manuscritos sinalizadas nas traduções mais críticas e contemporâneas, através de notas de rodapé. Das versões em português, somente a versão corrigida de Almeida não se utiliza do texto crítico do Novo Testamento. A diferença entre as duas versões neotestamentárias no original é de cerca de 1%, sendo que a inversão de “Jesus Cristo” para “Cristo Jesus” é a principal diferença. 



Deixando a crítica textual de lado, é preciso salientar que toda versão bíblica tem e precisa ter uma linha teológica, aspecto sobre o qual é impossível uma neutralidade absoluta. Assim, temos uma divisão clara entre versões católicas e versões protestantes. Além da inclusão, naquelas, dos chamados livros apócrifos, vamos encontrar terminologia específica nessas traduções. Em certas passagens bíblicas, as traduções protestantes usam a expressão “arrependei-vos”, enquanto que algumas traduções de inspiração romana dizem “fazei penitência”. A Bíblia de Jerusalém, por exemplo, chega a usar a palavra “óstia” em Romanos 12.1-2. Já a versão Pastoral é claramente alicerçada na Teologia da Libertação. Uma simples lida nos títulos do texto de Êxodo 4 não deixará nenhuma dúvida sobre seu enfoque marxista na leitura da passagem. A versão Almeida Corrigida costuma ser preferida por denominações pentecostais mais conservadoras, como a Congregação Cristã do Brasil e a Igreja Deus é Amor, enquanto que a Nova Tradução na Linguagem de Hoje é mais usada por grupos que adotam uma linha teológica bem mais aberta. Esse enfoque pode ser percebido em textos como Deuteronômio 32.8: “Quando o Altíssimo separou os povos e deu a cada povo as suas terras, ele marcou as fronteiras das nações, dando a cada uma o seu próprio deus.” Como se pode observar, todo trabalho de versão bíblica deve definir sobre qual linha teológica vai se embasar. 



A tarefa de tradução bíblica tem como outro grande desafio a questão semântica. Nem todos têm noção dessa realidade, mas muitas palavras do texto hebraico, aramaico e grego ainda hoje estão sendo estudadas e definidas com precisão. Mesmo que tais termos sejam minoria, em muitos casos representam difíceis problemas de tradução. O impacto das descobertas da arqueologia – como a dos Manuscritos do Mar Morto –, dos estudos de línguas como o acadiano e o ugarítico e do desenvolvimento da lingüística foram extremamente importantes para que fosse possível ter um conhecimento mais objetivo de muito vocábulos bíblicos. Os novos léxicos e dicionários teológicos técnicos, elaborados principalmente por estudiosos alemães, trazem muita informação semântica preciosa. É por essa razão que as versões mais recentes levam grande vantagem sobre as mais antigas – essas novas foram preparadas já com acesso ao resultado de descobertas e pesquisas atualizadas, que permitem a tradução mais precisa da Palavra de Deus. 



Diante disso tudo, fica a pergunta que não quer calar: qual é a melhor versão bíblica? Essa pergunta não tem resposta. Afinal, todas têm seus méritos; mas é preciso, também, que tenham um foco claro. Uma versão pode ter valor histórico, literário, teológico etc. Mas se o objetivo é comunicar a mensagem das Escrituras ao povo comum, é preciso reconhecer que a dinâmica da língua exigirá revisões do texto que o tornem compreensível e impactante. Ninguém, por exemplo, usa a versão de Almeida de 1681 nos dias de hoje – afinal, a linguagem ali usada tornou-se incompreensível para o leitor de hoje. Por outro lado, algumas traduções antigas ainda usam termos praticamente desconhecidos nos dias de hoje, como “vitupério”, “chocarrice”, “impudicícia” e tantos outros arcaísmos. Além disso, toda boa versão bíblica precisa passar por revisões de tempo em tempo, a fim de eliminar anacronismos e contemplar as mudanças de significado que muitos termos sofrem ao longo dos tempos. 



A tarefa de traduzir a Bíblia é um ministério permanente da Igreja. A comunidade cristã deve abrir seu coração e apoiar todos os esforços de tradução das Escrituras – principalmente, no caso das línguas que, em pleno século 21, ainda não possuem nenhuma versão da Palavra de Deus. 



Luiz Sayão
Teólogo, hebraísta, escritos e tradutor da Bíblia. É também professor da Faculdade Batista de São Paulo, do Seminário Servo de Cristo e professor visitante do Gordon-Conwell Seminary.




14 de abril de 2011

MISSÕES: PESSOAS CONHECEM A CRISTO ATRAVÉS DO TRABALHO DA PORTAS ABERTAS NA INTERNET

Um dos trabalhos da Portas Abertas Internacional é utilizar os mais diversos meios de comunicação para levar a Palavra e ajudar os cristãos que, por causa da perseguição, não têm acesso ao evangelho ou nunca ouviram falar sobre Jesus.

Um dos recursos amplamente utilizados pela organização é a internet. Leia abaixo testemunhos sobre o impacto que os sites da Portas Abertas está provocando na vida de centenas de pessoas que estão sedentas por conhecer a Verdade.

“Ahmed, um homem da Arábia Saudita, tinhas muitas perguntas sobre a Bíblia. Ele pediu um tempo de conversa conosco, e atendemos. Nós oramos para que ele acreditasse no Senhor Jesus como seu salvador e depois de 52 conversas online, ele estava convencido e abriu seu coração. Louvado seja o Senhor.”

“Mohammed é da Arábia Saudita e declarou sua fé no Senhor Jesus Cristo depois de muitas conversas, muito encorajamento e muitas orações. Por causa do medo em relação a sua família ele peregrinou até a cidade de Meca, fez o Umrah e andou ao redor da Ka’aba. Mas ao invés de fazer as orações muçulmanas, Mohammed orou ao Senhor Jesus em seu coração no centro de Meca. Louvado seja o Senhor!”

“Alia é dos Emirados Árabes Unidos. Ela foi morta por causa de sua fé em Jesus.”

“Samya, uma mulher da Arábia Saudita, começou a fazer perguntas pela internet e, depois de alguma interação, ela se tornou cristã e agora estamos em contato frequente.”

“Nashat, da Jordânia, está sofrendo perseguição da sua família por causa de sua nova fé cristã. Ore por conforto e paz.”

“Um muçulmano do Qatar nos perguntou por que temos tanta certeza sobre o cristianismo. Nós conversamos e compartilhamos com ele alguns versos bíblicos por mais de duas semanas, mas ele não veio mais conversar conosco. Estamos orando e confiando que Deus tem um plano para ele.”

“Hassan, da Síria, foi repudiado por sua esposa por causa de sua nova fé no Senhor Jesus. Nós conversamos durante muito tempo com ele, e oramos para que sua fé seja fortalecida e por sabedoria em seu relacionamento com sua esposa.”

“Zaki é da Arábia Saudita e começou uma conversa conosco e nos convidou para o islamismo. Nós falamos da palavra de Deus para ele, e em 13 conversas online nós o colocamos nas mãos do Deus Todo Poderoso. Ele estava aberto para o evangelho. No entanto, ele não entrou mais em contato conosco. Por favor, orem por ele.”

“Samira é muçulmana e tinha muitas perguntas sobre a fé cristã. Conversamos com ela sobre o cristianismo, sobre fé e muitas outras coisas. Orem por ela.”

“Mahmoed tinha muitas perguntas sobre o islamismo e o cristianismo. Tivemos uma longa conversa com ele para discutir todas as ideias. Nós oramos com ele para que ele aceitasse o Senhor Jesus como seu Salvador.”

“Hamdy perguntou sobre a Bíblia e especialmente sobre Gênesis. Nós respondemos suas perguntas e ele agradeceu a Deus pelo conforto e paz que passou a ter com base em nossas conversas. Ele decidiu aceitar o evangelho como único direcionamento de sua vida.”

“Laila, da Arábia Saudita, nos perguntou sobre o Senhor Jesus. Nós a respondemos e falamos sobre o Senhor Jesus. Ela compreendeu tudo, mas não pode tomar uma decisão. Orem por ela.”

Esses são apenas alguns dos testemunhos que recebemos do campo, de pessoas que têm sido tocadas com a presença de Deus através do trabalho da Portas Abertas. Continue orando por todos os envolvidos.

Fonte: Missão Portas Abertas
http://folhagospel.com/modules/news/article.php?storyid=17272

11 de abril de 2011

O irmão crente do ateu Hitchens




Quase por acaso me caiu nas mãos um livro escrito pelo irmão do famoso ateu Christopher Hitchens. Eu estava numa reunião em São Paulo com um representante de uma conhecida editora, discutindo sobre a publicação de um livro de minha autoria. Ao término da reunião ele me entregou um livro em inglês e disse que ele havia sido cogitado para ser traduzido em português e publicado no Brasil, mas a editora decidiu não fazer por entender que não teria público para ele.



Tratava-se de "The Rage Against God - How atheism led me to faith" ["A Ira contra Deus - Como o Ateísmo me Levou à Fé"], de Peter Hitchens, publicado em 2010 pela Zondervan. Meu amigo me perguntou se eu tinha interesse no assunto. Respondi que sim pois, coincidentemente, eu havia tentado trazer Christopher Hitchens para um debate sobre ateísmo e fé em Deus no Mackenzie ano passado. A tentativa acabou fracassando porque Christopher foi diagnosticado com câncer e cancelou os compromissos internacionais. Ganhei o livro de presente. E aproveitei uma viagem aos Estados Unidos, as horas monótonas de vôo e a espera em aeroportos, para lê-lo.



Embora Richard Dawkins seja o ateu mais famoso do mundo, Christopher Hitchens tem sido considerado por muitos como mais eficiente em promover o ateísmo. Extremamente inteligente, excelente debatedor e movido por uma raiva profunda contra Deus e o Cristianismo, bem como contra as religiões em geral, Christopher tem empreendido uma cruzada ao redor do mundo - impedida agora em parte por sua doença - contra a fé em Deus, que ele considera a raiz de todos o males que já acometeram a raça humana.



Qual não foi minha surpresa ao descobrir que ele tem um irmão, Peter Hitchens, igualmente inteligente e capaz, que seguiu o caminho contrário de seu irmão ateu. Neste livro, Peter conta como ele e Christopher perderam a fé em Deus por volta dos 14 anos de idade. Ambos foram criados num lar protestante na Inglaterra. Seus pais eram da Igreja Anglicana e costumavam freqüentar os cultos, embora fossem cristãos nominais.



A secularização brutal da Europa depois das guerras, o avanço do racionalismo e a perda da esperança e da confiança nos valores que um dia marcaram a Inglaterra levaram ambos a se declarar ateus quando ainda na escola. Peter celebrou sua libertação da religião e de Deus queimando uma Bíblia King James no pátio da escola, perante seus amigos.



Tanto Christopher quanto Peter se tornaram jornalistas bem sucedidos. Christopher se tornou cada vez mais raivoso contra a fé em Deus e aos poucos colocou como alvo supremo de sua vida atacá-la e destruí-la de todas as maneiras possíveis. Peter permaneceu ateu, e embora desprezasse profundamente todos que cressem Deus, não tinha a atitude beligerante de seu irmão.



No livro, Peter atribui seu retorno à fé a alguns fatores. Primeiro, sua experiência na Rússia durante cinco anos como correspondente estrangeiro. A frieza, dureza, desconfiança, rudeza e desumanidade da cultura e civilização da Rússia ateísta, bem como o fracasso do socialismo ateu o levou a uma comparação com a civilização cristã da Inglaterra. Segundo, sua experiência no Iraque como correspondente durante a guerra do Golfo. Ali, mais uma vez, ele percebeu a diferença de uma cultura moldada pelos valores cristãos.



O sub-título do livro, "Como o Ateísmo me levou à fé," é uma referência à constatação que Peter fez, em contato com culturas anti-cristãs, do efeito destruidor do ateísmo na vida das pessoas. Num certo sentido, é o contra argumento da bandeira levantada por seu irmão ateu, Christopher, de que a fé em Deus está por detrás dos maiores males ocorridos na humanidade. Aparentemente, Christopher não levou em consideração os males causados pelos regimes socialistas ateístas.



O evento aparentemente decisivo para a conversão de Peter ocorreu uma vez em que ele estava viajando pelo interior da França com sua namorada. Acabaram visitando uma igreja do século XVI onde há uma pintura famosa de Rogier van der Weyden, chamada de "O Último Julgamento". Ao contemplar a parte do quadro em que os ímpios, em horror, caminham para o inferno em chamas, ele foi abalado por um medo incompreensível de que, se realmente houvesse um inferno, ele seria um dos condenados a passar a eternidade em tormentos.



Peter saiu dali abalado e aos poucos começou a perder sua fé humanista num mundo sem Deus. Ele sentiu que precisava de uma fé que trouxesse sentido ao mundo. E assim, sua jornada de volta começou. Mais tarde sua namorada, uma marxista atéia, também se tornou crente em Jesus Cristo. Ambos se tornaram membros da Igreja Anglicana, onde permanecem até hoje.



Fiz algumas contatações da leitura do livro. Primeiro, que ser ateu é uma decisão que uma pessoa toma "pela fé". O ateísmo é uma religião tanto quanto o Cristianismo. Segundo, que Deus é poderoso para mudar corações, transformar vidas, arrebentar bastiões da incredulidade e salvar homens e mulheres para Sua glória, quando humanamente falando não haveria possibilidades. Terceiro, que não devemos perder as esperanças com nossos jovens, quando mostram fascinação pelos argumentos aparentemente científicos apresentados pelos evangelistas do ateísmo como Dawkins e Hitchens. Oremos para que cedo ou tarde eles percebam que ser ateu é uma escolha precedida por um ato de fé, e não a conseqüência lógica da ciência.



Quando Christopher Hitchens foi diagnosticado com câncer, alguém lhe perguntou se isto não o faria rever sua posição. Ele respondeu sarcasticamente, "se você me vir dizer que agora creio em Deus, é porque o câncer já comeu meu cérebro." 



Veremos. O Deus que mudou a vida de seu irmão pode também mudar a vida de Christopher - sem que ele tenha de ter seu cérebro atingido pelo câncer.


5 de abril de 2011

A Bíblia nos Promete uma Vida de Prazeres?

A Bíblia Nos Promete Uma Vida de Prazeres?

Quando Saulo tornou-se Paulo, uma voz divina anunciou: “Vou lhe mostrar como você poderá gozar muito melhor a sua vida!” Será que é o que realmente está escrito na Bíblia? Pelo contrário, lemos: “Eu lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo meu nome” (At 9.16).Foi o que Deus disse a Ananias acerca de Paulo. Portanto, foi quase o oposto do que muitos entendem hoje por vida cristã.

Prazer e sofrimento

O Novo Testamento está permeado pelo tom do sofrimento, e é justamente isso que não agrada à nossa velha natureza, que adora cuidar bem de sua carne e de gozar a vida. Paulo e Barnabé, por exemplo, exortaram os discípulos “a permanecer firmes na fé; e mostrando que, através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus” (At 14.22).
Paulo, o apóstolo dos gentios, lembra a Timóteo, seu discípulo mais fiel, que “todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos” (2 Tm 3.12).
Isso não soa como uma vida de prazeres e de riqueza abundante, como tanto se apregoa hoje em dia. Temos inclusive uma carta inteira no Novo Testamento que se ocupa com o tema do sofrimento: a Primeira Epístola de Pedro. Ele explica que a fé é provada e aprovada através do sofrimento (1 Pe 1.6-7). Portanto, em completa oposição à sociedade caracterizada pelo entretenimento e ao cristianismo que confunde discipulado com diversão e festa. Aos crentes da Ásia Menor, Cristo é apresentado como exemplo naquilo que sofreu, para que sigamos os Seus passos (1 Pe 2.21).
Será que não acabamos literalmente criando um outro evangelho, um evangelho de bem-estar, que afaga o ego e o velho Adão?

Jesus e o sofrimento

A Carta aos Hebreus menciona, inclusive, que nosso Senhor, “embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu” (Hb 5.8). Se isso foi válido para o Filho de Deus, quanto mais vale para nós! O servo, como se sabe, não está acima de seu Mestre.
Pedro diz ainda mais: “Ora, tendo Cristo sofrido na carne, armai-vos também vós do mesmo pensamento; pois aquele que sofreu na carne deixou o pecado, para que, no tempo que vos resta na carne, já não vivais de acordo com as paixões dos homens, mas segundo a vontade de Deus” (1 Pe 4.1-2).

Tema recorrente

Sofrimento e não prazer ou bênçãos materiais é o tema recorrente nas cartas dos apóstolos. Paulo chega a dizer: “Porque vos foi concedida a graça de padecerdes por Cristo e não somente de crerdes nele” (Fp 1.29). De forma semelhante, Pedro admoesta em sua carta:“Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo; pelo contrário, alegrai-vos na medida em que sois co-participantes dos sofrimentos de Cristo, para que também, na revelação de sua glória, vos alegreis exultando” (1 Pe 4.12-13).
A fé é provada e aprovada através do sofrimento.
Será que isso ainda é proclamado em nossa sociedade de consumo, que já chega a “celebrar” o discipulado e a vida cristã? Será que frases tão negativas não deveriam ser sumariamente riscadas da Bíblia? Não acabamos literalmente criando um outro evangelho, um evangelho de bem-estar, que afaga o ego e o velho Adão?

Sem rodeios

Aos coríntios, que igualmente estavam em perigo de exercer poder e “domínio”, Paulo escreve sem rodeios: “Já estais fartos, já estais ricos; chegastes a reinar sem nós; sim, tomara reinásseis para que também nós viéssemos a reinar convosco. Porque a mim me parece que Deus nos pôs a nós, os apóstolos, em último lugar, como se fôssemos condenados à morte; porque nos tornamos espetáculo ao mundo, tanto a anjos, como a homens. Nós somos loucos por causa de Cristo, e vós, sábios em Cristo; nós, fracos, e vós, fortes; vós, nobres, e nós, desprezíveis. Até à presente hora, sofremos fome, e sede, e nudez; e somos esbofeteados, e não temos morada certa, e nos afadigamos, trabalhando com as nossas próprias mãos. Quando somos injuriados, bendizemos; quando perseguidos, suportamos; quando caluniados, procuramos conciliação; até agora, temos chegado a ser considerados lixo do mundo, escória de todos” (1 Co 4.8-13).
Isso soa como prazer, sucesso, conforto e prosperidade? É quase o oposto de tudo aquilo que hoje nos é apresentado simuladamente pelos “evangelistas da prosperidade” como se fosse o Evangelho de Cristo.

Negativo e derrotista?

Para que minhas palavras não sejam interpretadas como uma defesa do sofrimento e uma declaração de derrotismo cristão, devo mencionar que Deus deseja que “vivamos vida tranqüila e mansa, com toda piedade e respeito” (1 Tm 2.2). Na mesma Carta a Timóteo está escrito: “Exorta aos ricos do presente século que não sejam orgulhosos, nem depositem a sua esperança na instabilidade da riqueza, mas em Deus, que tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento” (1 Tm 6.17).
O Senhor nos promete, sim, uma vida abundante (Jo 10.10), porque para os cristãos as questões primárias da culpa e do sentido da vida já estão resolvidas.
Somos gratos por toda a paz e pelo bem-estar que a graça de Deus tem nos concedido no mundo ocidental por um tempo admiravelmente longo. Mas fazer dessa realidade um evangelho é, brandamente falando, contradizer o espírito do Novo Testamento. O Senhor nos promete, sim, uma vida abundante (Jo 10.10), porque para os cristãos as questões primárias da culpa e do sentido da vida já estão resolvidas. Em obediência a Deus, o discípulo de Jesus pode ter, sim, muita alegria, alegria plena (1 Jo 1.4). Mas essa alegria é em primeiro lugar espiritual e não está, necessariamente, refletida no nível material.

Movido pela alegria

Quando Paulo ditou sua carta “movida pela alegria” aos filipenses exortando os crentes a “alegrar-se sempre” (Fp 4.4), ele próprio encontrava-se algemado na prisão.

Discutindo com os super-apóstolos

Em suas discussões com pregadores “poderosos” e triunfalistas, que Paulo chama ironicamente de “sábios”, “fortes”, “nobres” (1 Co 4.10), ele se gloria de sua própria fraqueza (2 Co 12.9), especialmente porque esses falsos mestres se vangloriavam de seu grande poder e de sua própria autoridade. Eles também passavam a idéia de que apenas através deles o mundo daquela época fora alcançado com um evangelho “poderoso” e “pleno” (2 Co 10.12-16). Paulo contrapõe a esses falsos apóstolos e obreiros fraudulentos, como também os chama, a extensa lista de seus próprios sofrimentos (2 Co 11.22-23), provando que ele era um apóstolo legítimo.
Isso ainda é pregado atualmente? Isso ainda é proclamado nos programas cristãos de televisão? Os apóstolos residiam em belas casas e lá ditavam suas cartas? A visão mais profunda dos mistérios do tempo da graça é fornecida por Paulo nas cartas aos efésios e aos colossenses, que ele escreveu quando se encontrava encarcerado. Em seu discurso de despedida em Mileto ele disse: “o Espírito Santo, de cidade em cidade, me assegura que me esperam cadeias e tribulações” (At 20.23). Isso não soa como a expectativa por eventos especialmente prazerosos.

Vida de prazeres?

Humildade, lágrimas, provações, ciladas, cadeias e tribulações, de fato, uma vida “de prazeres”! Mesmo quando Paulo suplicou por uma vida física mais ou menos normal, sem o espinho na carne, seu pedido não foi atendido. Será que ele não deveria ter enfrentado essa limitação física com visualização ou pensamento positivo? Esse homem de Deus podia dizer de si mesmo: “...pobres, mas enriquecendo a muitos; nada tendo, mas possuindo tudo” (2 Co 6.10). Devemos temer, com justiça, que muitos dos pregadores de sucesso de nossos dias literalmente invertem a ordem das coisas: “ricos, mas empobrecendo a muitos”.
Todo esse evangelho da prosperidade e do bem-estar é um cumprimento de 2 Timóteo 4.3, onde está escrito que os homens dos últimos dias cortejarão mestres por cujas palavras sentem coceira nos ouvidos, mestres que os agradem. Muitos gostariam de ouvir que Deus quer nos fazer grandes, ricos, saudáveis e poderosos. Essa era a mensagem dos amigos de Jó, que não conseguiam entender que Jó enfrentava tanto sofrimento por se encontrar dentro da vontade de Deus.
Paulo explicou: que os “crentes” dos últimos dias não apenas serão “amantes de si mesmos” (2 Tm 3.2, Ed. Revista e Corrigida) mas “mais amigos dos prazeres (tradução literal da palavra grega “philedonos”) que amigos de Deus” (2 Tm 3.4).

Uma geração hedonista

Esta é a mensagem para uma geração hedonista, como Paulo explicou: que os “crentes” dos últimos dias não apenas serão “amantes de si mesmos” (2 Tm 3.2, Ed. Revista e Corrigida) mas “mais amigos dos prazeres (tradução literal da palavra grega “philedonos”) que amigos de Deus” (2 Tm 3.4).
Será que Jesus também ofereceu uma falsa fé? Ele disse à igreja de Esmirna:“Não temas as coisas que tens de sofrer. Eis que o Diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós, para serdes postos à prova, e tereis tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida” (Ap 2.10).

O oposto do triunfalismo

Isso é totalmente oposto ao atual triunfalismo do evangelho da prosperidade. É monstruoso o que é tolerado e propagado na cristandade contemporânea. Esta geração ocidental literalmente criou um evangelho resumido e derivado de seu hedonismo, de sua amoldagem ao espírito da época, de sua loucura por saúde, bem-estar e entretenimento, de seu desejo por prazeres carnais e de sua auto-estima.

Pobre, miserável, cego e nu

Talvez a melhor caracterização da situação espiritual desses pregadores e adeptos do evangelho da prosperidade e do bem-estar seja a declaração de Jesus Cristo a uma igreja próspera e abastada, mal acostumada ao sucesso, a igreja de Laodicéia: “pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu” (Ap 3.17). (Alexander Seibel - http://www.chamada.com.br)

Publicado anteriormente na revista Chamada da Meia-Noite, novembro de 2010.

2 de abril de 2011

Universalismo e Aniquilacionismo: seis e meia dúzia


Não gosto de falar “grego” quando o assunto é teologia. Detesto ter que usar os jargões teológicos, acessíveis apenas aos iniciados. Me alegro cada vez que consigo pregar sobre expiação, justificação e regeneração sem usar nenhuma dessas palavras.
Acontece que alguns jargões estão entrando na moda, principalmente depois que o John Piper retuitou um texto do Justin Taylor, no qual o maior ícone emergente da atualidade, o pastor Rob Bell, é acusado de ensinar o “Universalismo”. Assim que saiu a propaganda do livro, Mark Driscoll, Joshua Harris e outros pastores estadunidenses excomungaram o Rob Bell no Twitter.
Mas afinal, o que é esse tal universalismo, e porque ele é tão perigoso?
Universalismo é a crença que afirma que todas as pessoas serão salvas por Deus. Em sua versão filosófica, ele apela para as emoções humanas e insinua que um Deus bom jamais enviaria as pessoas para o inferno. Já a versão teológica está fundamentada na má interpretação de alguns textos bíblicos.
O que está implícito no Universalismo, e essa é a principal razão porque os cristãos devem fugir dessa heresia, é que ela anula o sacrifício de Cristo na cruz. Ora, se o homem será salvo sem os méritos da cruz, por que razão Deus enviou seu filho para morrer por nós? Além disso, a doutrina universalista nega a justiça de Deus revelada no juízo eterno. Neste caso, está implícita a doutrina herética de que todo homem “merece” a salvação, e que ninguém merece o inferno. Na contramão desta afirmação estão textos como Romanos 3.23, 6.23, Ec 7.20, Rm 3.10-20, que afirmam que todos os homens são pecadores carentes da misericórdia divina.
E o aniquilacionismo? Aniquilacionismo é a crença de que Deus não enviará ninguém ao inferno, mas destruirá os homens ímpios no dia do juízo. Eles serão, segundo essa doutrina, literalmente aniquilados. A natureza desse aniquilamento é algo que eles não conseguem explicar, mas na prática é algo como ser “desintegrado”, mais ou menos como acontece nos desenhos animados e nos filmes futuristas. Esta doutrina geralmente é defendida pelas seitas “Testemunhas de Jeová” e “Adventista do Sétimo Dia”.
Mas, quais são as implicações da crença aniquilacionista? As mesmas do universalismo! Tal como o universalista, o aniquilacionista não consegue imaginar Deus enviando as pessoas para um inferno literal. Eles também se igualam aos universalistas ao negarem a justiça de um castigo eterno. Enxergam o inferno como uma sentença injusta. Esquecem-se que aqueles que pecaram contra um Deus absoluto são dignos de um castigo absoluto. Ignoram que os que pecam contra um Deus eterno só podem ser penalizados com um castigo eterno. Como disse o Mark Driscoll: “Merecemos o inferno. Tudo mais é um presente”.
Por esta razão, insisto em dizer que tanto a crença na aniquilação como a crença na salvação universal são ultrajantes. Ambas minimizam o sacrifício de Cristo na cruz, e ambas relativizam a justiça de Deus no julgamento do pecador. As duas furtam a glória de Cristo. São seis e meia dúzia.
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