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24 de fevereiro de 2009

O deus entretenimento (A. W. Tozer)

"Durante séculos a igreja manteve-se firme contra toda forma de entretenimento mundano, reconhecendo-o como um dispositivo para se perder tempo, um refúgio contra a perturbadora voz da consciência, um plano para desviar a atenção de contas quanto à moral. Por manter sua posição, ela sofre abusos por parte dos filhos deste mundo. Ultimamente, entretanto, ela se cansou de ser abusada e simplesmente desistiu da luta. Parece ter firmado a posição de que, se não pode vencer o deus do entretenimento, o melhor que pode fazer é unir as suas forças às dele e aproveitar o máximo de seus poderes."

Via http://camposdeboaz.alef3.com

18 de fevereiro de 2009

COMO UMA IGREJA PEQUENA PODE FAZER MISSÕES


Edison Queiroz

Quando prego e desafio pastores a levar suas igrejas à tarefa de missões mundiais, sempre sou questionado se é possível a uma igreja pequena fazer missões. A minha resposta sempre é afirmativa. Uma igreja pequena pode e deve fazer missões. A seguir, seis passos para uma igreja pequena fazer missões.

1 - Confie no grande Deus

Devemos entender que o plano de Deus para a igreja, não importa o seu tamanho, é a implantação do seu reino por meio de pregação do evangelho a todas as nações. O que faz a diferença é o tamanho de nosso Deus. Ele disse: “Invoca-me, e te responderei; anunciar-te-ei cousas grandes e ocultas, que não sabes” (Jr 33.3). A Bíblia afirma que Deus “é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos, ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós” (Ef 3. 20-21).

Às vezes olhamos para nossa incapacidade e fraqueza, para o tamanho de nossas igrejas, para a situação financeira e ficamos desanimados, dizendo que é impossível. Mas isso está errado! Precisamos olhar para Deus e crer em seu poder, pois ele é grande e quer fazer coisas grandes. Do nada ele cria tudo! Aleluia! Precisamos orar como o rei Josafá: “Porque em nós não há força...porém os nossos olhos estão postos em ti” (2 Cr 20.12). Aqui está o segredo da vitória: tire os olhos das circunstâncias e coloque-os no grande Deus, e ele transformará nossas igrejas em verdadeiras bases missionárias.

2 - Inicie um movimento de oração

Por meio da oração, a igreja pode fazer um movimento missionário e atingir nações. Desafie os membros de sua igreja a orar em casa, no trabalho, nos momentos de folga, na igreja, etc. Pela oração, vidas serão tocadas por Deus; portas, abertas; missionários, abençoados; vidas, salvas. Mais adiante darei alguns passos práticos para o início de um grande movimento de oração em sua igreja, não importa o tamanho dela.

3 - Treine os crentes para a evangelização pessoal

Descobri uma coisa interessante em meu ministério: os crentes não evangelizam porque não sabem fazê-lo. Antigamente eu pensava que se tratava de falta de consagração, de falta de fé, de desânimo etc., mas logo descobri que o grande problema era a falta de um ensino prático.

Certo domingo preguei, sobre a importância de o crente ganhar vidas para Cristo. Durante minha pregação exortei a igreja, afirmando que todo crente deve ser um ganhador de almas e que o crente que não ganha almas está em pecado, etc. Após o culto um jovem venho falar comigo e disse: “Pastor, você fica o tempo todo nos dando chicotadas do púlpito, nos exortando a ganhar vidas para Cristo, mas nunca nos ensinou a fazê-lo.”

Confesso que tive de reconhecer meu erro e dar a mão à palmatória. Pedi perdão àquele jovem e disse que iria providenciar o treinamento. Naquela época convidei a equipe da Cruzada Estudantil e Profissional para Cristo para vir dar um treinamento de evangelização e discipulado para a igreja; telefonei-lhes e perguntei se tinha um treinamento para a igreja.

Eles me informaram que sim e que necessitavam de um período de 12 horas/aula. Agendei o mês de outubro e usei o tempo do culto e da escola dominical nos quatro domingos daquele mês para o treinamento. Foi maravilhoso o trabalho do Espírito Santo, que levou os crentes a entender que podem pregar o evangelho.

No terceiro domingo de treinamento, preparamos uma surpresa para os membros da igreja.
Cheguei mais cedo com a Equipe da Cruzada, colocamos uma mesa na calçada da igreja, fechamos o portão e esperamos os crentes chegarem.

Cada um que chegava perguntava: “O que aconteceu, pastor? Não haverá treinamento hoje?” Logo explicávamos que iríamos fazer uma experiência e enviávamos pares a evangelizar na praça; pedimos que voltassem ás 11h para darem testemunhos.

Lembro-me do testemunho de um diácono que falou com lágrimas nos olhos: “Pastor, sou crente há mais de 30 anos e nunca alguém orou comigo entregando a vida a Cristo, mas nesta manhã eu tive a alegria de ver alguém orando comigo, convidando Cristo para entrar em sua vida. Aleluia!”.

Hoje o treinamento em evangelização faz parte da instrução dos novatos na Escola Dominical, e a meta é que todos os membros da igreja saibam explicar o plano de salvação, levar uma pessoa a orar recebendo Cristo como Senhor e Salvador e dar os primeiros passos no discipulado.

4 - Desafie pessoas para o campo missionário

Mediante pregação, ensino, recomendação de livros, etc., você pode desafiar pessoas a se entregarem para a obra de missões. Creio que em toda igreja há pessoas vocacionadas para o campo missionário. Então pregue, desafie e procure identificar essas pessoas, dando-lhes o apoio necessário no discipulado pessoal, no encaminhamento para o preparo adequado. Não somente desafie, mas também apóie os vocacionados. Muitos pastores estão pecando ao deixar de apoiar , ajudar e orientar aqueles que têm sido chamados por Deus para a obra missionária. Talvez por medo de perderem o lugar, por ciúmes ou por irresponsabilidade. Se há em sua igreja algum membro chamado por Deus para o ministério, dê-lhe todo apoio, pois você estará colaborando para a expansão do reino de Deus. Não tema ! O mesmo Deus que o colocou no ministério é poderoso para mantê-lo ou tirá-lo dele, de acordo com sua soberana vontade.

5 - Desafie os crentes a contribuir financeiramente

Uma igreja pequena pode fazer muito para missões mediante contribuição financeira dos seus membros. Deus não está olhando para o tamanho da sua oferta, mas sim para o tamanho do coração da pessoa que deu a oferta. Lembra-se da oferta da viúva pobre? Sua oferta foi maior que as das outras pessoas porque ela deu todo o coração (Lc 21. 1- 4).

Além disso Deus é poderoso para multiplicar qualquer oferta, como ele fez na multiplicação dos pães. Eu sou testemunha disso. Deus faz milagres nas finanças da Igreja quando esta coloca missões em primeiro lugar. Mas adiante quando falar sobre finanças vou contar alguns desses milagres.

Conheço famílias que estão sustentando parentes no campo missionário. Muitas vezes, quando encontro algum missionário, pergunto-lhe: “Quem está sustentando?” De vez em quando, a resposta é: “Meus pais, meus irmão, etc.” Então pergunto: Quantos são? Às vezes, cinco ou seis pessoas estão se unindo e sustentado um missionário no campo. Qual o tamanho da sua igreja? Mesmo que seja de cinco ou seis pessoas, se elas forem desafiadas e assumirem a responsabilidade, poderão se unir e sustentar missionários no campo, assim como algumas famílias estão fazendo. Desafie o seu povo a contribuir financeiramente!

6 – Associe sua igreja a outra para enviar missionários

Uma igreja pequena pode fornecer pessoas e dinheiro para a obre de missões. Mas, às vezes, não tem condições de levantar todo o sustento financeiro necessário; portanto, poderá se unir a outra igreja e, juntas, enviar o missionário. Vou contar uma experiência marcante em minha vida. O pastor de uma igreja pequena veio à nossa convenção missionária e foi desafiado a fazer missões por meio de sua igreja. Voltou disposto a fazer de sua igreja uma igreja missionária. Desafiou o seu povo, e a resposta veio. Iniciou-se um movimento de oração e de contribuição financeira. Quando arrecadaram o dinheiro das ofertas mensais para missões, não sabiam como aplicá-lo e, então, pediram à nossa igreja a oportunidade de participar do sustento de uma de nossas missionárias na África. Consultei nossa igreja, e todos com alegria aceitaram formar uma sociedade com a outra igreja para, juntas, sustentarmos a missionária. Agora, aquele mesmo pastor está partindo para o campo, e as duas igrejas juntas vão participar do seu sustento.

Uma igreja pequena pode e deve fazer missões. Tudo depende de ser desafiada, de receber a visão e de aceitar a responsabilidade.

Do livro “A IGREJA LOCAL E MISSÕES” - Edison Queiroz ( Edições Vida Nova)

12 de fevereiro de 2009

MISSÕES URBANAS E AS UNIVERSIDADES NO SÉCULO XXI



Pastor Mauricio Price

Vivemos um urbanismo emergente neste século e a Igreja Cristã enfrentará significativos desafios no cumprimento de sua Grande Comissão(Mr16.15). Quase 60% da população nos próximos 25 anos viverá nas cidades, o qual representa um incremento de 13% em relação ao ano 2000 e 46% em relação a 1900. É notório nas igrejas evangélicas, especialmente na África, América Latina e Ásia, o seu dinamismo evangelístico e missionário. Porém, é necessário um compromisso mais profundo no tocante ao desafio missionário no contexto urbano.

Segundo algumas pesquisas chega ser chocante poder testificar a crise na vida de muitos cristãos em nossa época. Constata-se que apenas 5% dos crentes já ganharam alguém para Cristo e 95% permanecem na esterilidade espiritual. Não geram filhos, isto é, são inférteis e impotentes, quase que inúteis na missão evangelizadora da Igreja.

Nos últimos cinqüenta anos, o hinduísmo cresceu 167%, enquanto o islamismo 500%, e o budismo 147%. Já o cristianismo expandiu-se apenas 47%. Mais de dois bilhões de pessoas e mil etnias não alcançadas pelo Evangelho e ainda três mil e seiscentas línguas e dialetos sem a tradução da Bíblia são inquestionavelmente desafios para a Igreja neste século.

Precisamos nos lembrar ainda que a história da Igreja surgiu numa grande cidade - Jerusalém -; espalhando-se por grandes centros, tais como Samaria e Antioquia. Aliás, a história do Cristianismo nos revela ainda que as cidades têm sido áreas de batalha entre Deus e Satanás, e que Ele também contempla o bem-estar das cidades e que a atividade redentora de Deus centraliza-se em muito nas cidades. Assim, aprendemos sobre o assunto nas Escrituras o seguinte:

´´ e não hei de eu ter compaixão da grande cidade de Nínive, em que há mais de cinto e vinte mil pessoas, que não sabem discernir entre a mão direita e a mão esquerda, e também muitos animais ?´´ Jn 4.11

Os centros urbanos com sua diversidade social, cultural, econômica e espiritual, constituem, pois então, num amplo campo missionário para a Igreja ou para atuação de forças demoníacas; dos cristãos ou dos feiticeiros e bruxos; dos homens de bem ou dos assassinos.Dessa forma, a cidade em que vivemos é realmente um teatro de operações de combate entre Deus e o Diabo. Pense nisso.

Sabemos que o Senhor Jesus em seu ministério terreno desenvolveu a evangelização e atuação missionária tanto na área rural como nos centros urbanos da época. Andava de cidade em cidade (Lc8.1).Certa vez chegou em determinada cidade, viu-a e chorou, compadecendo-se dela (Lc19.41); e ainda orientou pregar em qualquer cidade ou povoado (Mt10.11).

Compreendendo, pois então, que as cidades desde sua história até sua diversidade de fatores influenciadores na vida de seus habitantes, aprendemos com o exemplo de Jesus, que a Igreja precisa enfrentar o desafio missionário urbano enxergando sua cidade como o primeiro campo missionário a ser alcançado e transformado pelo poder do Evangelho de Cristo. Ele conta com cada um de nós!

Nesse contexto missionário urbano a Igreja precisa enxergar também as universidades como centros estratégicos para o progresso do Evangelho. Mas como a Igreja pode atuar de maneira eficiente dentro de centros universitários como no Rio de Janeiro, por exemplo? Através de uma Capelania Universitária. Mas o que é uma Capelania e qual a sua função ?

Capelania é uma atividade cuja missão é colaborar na formação integral do ser humano, oferecendo oportunidades de conhecimento, reflexão, desenvolvimento e aplicação dos valores e princípios ético-cristãos e da revelação de Deus para o exercício saudável da cidadania.

Em ambiente hospitalar, por exemplo, a capelania atua como uma assistência religiosa prestada por ministro religioso, garantida por lei em entidades civis e militares de internação coletiva com dispositivo previsto na Constituição Brasileira de 1988 nos seguintes termos: "é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva". (CF art. 5º, VII)

Atráves das diferentes capelanias cristãs existentes – universitária, portuária, prisional, hospitalar, estudantil, entre outras – a Igreja pode desenvolver um consistente trabalho missionário em diferentes instituições em nossa cidade, estado e nação.Por exemplo, a Capelania Evangélica Universitária(CEU) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), sob minha coordenação voluntária, desenvolve diversos eventos cristãos na universidade, apoiando e supervisionando ainda os Movimentos Estudantis Evangélicos que lá atuam, como a Aliança Bíblica Universitária (ABU), a Cruzada Estudantil Alfa e Omega e a Universidade para Cristo.

Nossa equipe tem colhido muitos frutos em nossas atividades de assistencialismo espiritual nesse amplo campo missionário urbano que hoje abrange mais de 30.000 membros, entre alunos, servidores e docentes. Creio que Deus ao longo da História sempre enxergou o potencial das universidades para promoção do Evangelho, pois sabemos que foram dentro delas que eclodiram os maiores avivamentos espirituais no Cristianismo.

John Wesley (1703-1791), pregador avivalista, membro do "Clube Santo" na Universidade de Oxford, certa vez teve um desejo, que inspira a vida de milhões de cristãos, inclusive a minha :

"Dá-me cem homens que nada odeiem senão o pecado, que nada temam senão Deus e que nada busquem senão almas perdidas, e eu transformarei o mundo em chamas"


Que seja também o nosso desejo! Deus te abençoe!
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7 de fevereiro de 2009

Jesus ama as pessoas que você odeia


Parece um paradoxo, mas é verdade. Estamos bastante acostumados a ouvir que nosso Deus é um Deus de promessas, de alianças, Deus do impossível e de milagres. Sim, realmente Ele é tudo isso. Mas é bom lembrarmos que esse mesmo Deus também é o Deus dos fracos e desesperançados. Essa música em forma de poesia descreve bem o caráter de um Deus que realmente não faz acepção de pessoas – ama a todos incondicionalmente. Que a cada dia nosso coração se torne mais sensível a esse Deus tão misericordioso.

Deus da lua e das estrelas
(Kees Kraayenoord)
Tradução: Roberto Amorim

Deus da lua e das estrelas
Deus do gay e dos barzinhos
Deus dos corações frágeis que somos, eu venho a Ti
Deus da nossa história, Deus do futuro que virá
O que farás de mim? Eu venho a Ti
Deus dos humildes e gentis,
Deus dos inconseqüentes e selvagens
Deus dos inimigos, eu venho a Ti
Deus de nossa vida e morte
Deus dos segredos ocultos
Deus de cada respirar, eu venho a Ti
Deus dos ricos e pobres
Deus da princesa e da prostituta
Deus da porta sempre aberta, eu venho a Ti
Deus da criança não nascida
Deus do que é puro e intocado
Deus do cafetão e do pedófilo, eu venho a Ti
Deus da guerra e da paz
Deus do viciado e do sacerdote
Deus dos maiores e dos menores, eu venho a Ti
Deus do refugiado
Deus do prisioneiro e do livre
Deus da nossa dúvida e certeza, eu venho a Ti
Deus da nossa alegria e nosso luto
Deus do advogado e do ladrão
Deus da nossa fé e descrença, eu venho a Ti
Deus das feridas que levamos
Deus dos sonhos mais profundos que compartilhamos
Deus da nossa oração não dita, eu venho a Ti
Deus de um mundo perdido
Deus na solitária cruz
Deus que veio a nós, eu venho a Ti

FONTE:
http://www.renas.org.br

1 de fevereiro de 2009

Entrevista: RONALDO LIDÓRIO


Raio de Luz entrevista Ronaldo Lidório




Como foi sua experiência com a Igreja perseguida no Peru?


A Igreja Quechua no Peru impactou minha vida de maneira profunda em 1991. O contexto no qual viviam cerca de uma década atrás era de tremenda opressão terrorista. Vários pastores e líderes haviam sido mortos e uma onda de agressão dominava as regiões de Huancayo, Ayacucho e outras áreas por onde passamos. Mas a Igreja amava a Jesus até a morte e isto desafiou-me profundamente. Vi pequenas congregações reunidas com as portas fechadas e cantando aos susurros para não serem descobertos pelo grupo terrorista Sendero Luminoso, pastores viajando dias e arriscando suas vidas para darem uma palavra de encorajamento ao rebanho e um povo que canta o Salmo 23 (Dios Taytallay – ‘O Senhor é o meu pastor...”) como ninguém. Em um dos cultos sentei-me ao lado de uma senhora que contou-me haver se convertido devido ao testemunho do senhor Gonçalez, um idoso evangelista, que após ser torturado em 1989 embaixo de uma árvore, ter suas pernas e braços quebrados, gritava até a morte em alta voz: “A igreja de Jesus continuará caminhando”. Ela, ouvindo este testemunho, correu até a igreja e entregou-se ao Senhor. Jesus sem dúvida está contruindo a Sua Igreja na terra e os Quechuas são um testemunho vivo disto.


O que é Missões?


É um movimento salvífico e kerygmático que parte do coração e da volição de Deus, revelado nas Escrituras, onde o Evangelho é prometido, no Messias, a todas as pessoas em todas as etnias espalhadas pelo mundo. Portanto é um movimento de Deus. Eu poderia dizer que tem como principais elementos:

1. O sacrifício do Cordeiro o qual “com o seu sangue comprou, para Deus, homens que procedem de toda língua, tribo, povo e nação”;

2. O ‘dunamis’ do Espírito derramado sobre a Igreja em Atos que a capacita a comunicar esta Palavra revelada;

3. O amor do Pai que a cada dia tenta nos comunicar que “uma alma vale mais que o mundo inteiro”;

4. E a ação da Igreja como comunidade propagadora desta mensagem que salva a todo aquele que crê.

O cerne da obra missionária, portanto, não é a visão do mundo mas sim a submissão a Deus.


Como o senhor vê a diferença entre o que se fala e o que se faz sobre missões na Igreja de hoje?


A Igreja, de forma geral, tem entendido bem os princípios bíblicos que motivam a visão missionária, e isto é extremamente positivo. Hoje já se entende que é preciso falar de Cristo tanto perto quanto longe, que a prioridade da Igreja deve ser a prioridade de Deus e que a Igreja é uma comunidade funcional, precisa fazer diferença na terra. Entretanto há ainda um caminho a andar. Ainda vemos a força missionária brasileira no mundo indígena continuar numericamente a mesma desde uma década atrás; percebemos que o processo de cooperação entre denominações e Agências missionárias em áreas com fortes barreiras ao evangelho ainda é muito lento e há uma gritante necessidade de entendermos que o caráter é mais importante que a habilidade pois a grande parte dos problemas missionários que temos, dentro ou fora do campo, surgem a partir de uma vida distante de Deus e não da falta de conhecimento acadêmico.


A igreja brasileira é de fato um celeiro missionário, como temos tantas vezes ouvido? Se é, quais as implicações disso?


Não creio que sejamos ainda um celeiro missionário para o mundo. A visão e a seriedade missionária crescem em nossas igrejas e louvamos a Deus por isto, mas há barreiras vivas para que nos tornemos uma nação tipicamente missionária. Para citar apenas três:

- Vivemos no Brasil uma tendência eclesiástica de enfatizar mais o ministério humano do que a glória de Deus o que obscurece a nossa real motivação para fazermos missões;

- Temos também vivido um Cristianismo mais contemplativo do que prático mas estamos experimentando boas mudanças ao meu ver;

- Mas principalmente sinto falta que os pastores locais preguem mais sobre a obra missionária em suas próprias igrejas. Vejo a importância do testemunho missionário, das conferências anuais com preletores especiais, dos slides e filmes e também do momento informativo e ofertas entretanto a Igreja Brasileira não será um celeiro missionário para o mundo até que os pastores locais passem a expor a Palavra ao próprio rebanho de que esta é a visão de Deus.


Qual o fator determinante para a Igreja realizar missões? O que impede essa ação?


Conheço uma pequena igreja entre a tribo Bassari no Togo, África, que decidiu viver como Jesus. Passaram a dar ênfase à oração, santidade de vida e priorizar o que é importante para Deus, especialmente a comunhão e louvor. Em pouco tempo sentiram-se atraídos por uma outra grande aldeia Bassari onde não havia nenhum convertido. Em um dos cultos dois homens foram despertados pelo Senhor e decidiram se mudar para lá. A igreja comprometeu-se com eles. Após três anos aquela aldeia estava toda rendida ao pés de Jesus. Até onde sei é algo único no oeste africano. Aquela comunidade, mesmo sem ter o termo “missões” em sua própria língua, era uma comunidade missionária. Ou seja, o fator determinante para se fazer missões é o mesmo para se cumprir qualquer outro mandamento bíblico: estar submisso a Deus e andar na visão do Senhor.


O senhor fala no livro “Igreja: uma comunidade missionária” em “Viver de acordo com o que cremos”. Será que por causa da influência da teologia da prosperidade temos visto Deus como aquele que deve nos atender e nos servir e deixamos de viver a cruz de Cristo, ou melhor, morrer por Ele?


Creio que a Bíblia revela-nos grandes verdades mas é preciso equilibrá-las na cruz de Cristo. A prosperidade é um assunto bíblico como também o é o sofrimento. Quando os extremos distorcem a verdade isto torna a Igreja menos capaz pois dependemos da Palavra de Deus para viver. Quando afirmo que devemos “viver de acordo com o que cremos” tento enfatizar que o nosso problema, muitas vezes, não é a ausência do credo bíblico. Na verdade cremos em muitas coisas como a salvação em Cristo, o amor de Deus por todos os homens, o poder do Espírito sobre a Igreja, a necessidade de comunicar o evangelho e a comunhão entre os santos. O grande dilema que enfrentamos é como traduzir esta nossa fé para a vida diária e é justamente aí que nascem os paradoxos. Mas este é um caminho pelo qual percorreremos durante toda a nossa vida e por isto dependemos da graça, misericórdia e tolerância de Deus sobre nós. É necessário ir em frente.


O senhor disse “Não creio em um despertamento missionário sem quebrantamento espiritual”. O que isso significa?


Fazer missões é cumprir um mandamento bíblico e sem dúvida não conseguiremos fazê-lo sem submissão ao Senhor. Os grandes movimentos missionários na história como a Igreja Nestoriana no oriente e a Moraviana no ocidente passaram por um quebrantamento espiritual que os levou a desejar viver como Jesus antes de serem impactados por uma profunda compaixão pelo mundo perdido. E quando chegou o momento aqueles homens e mulheres estavam dispostos a viver e morrer por Ele. Como afirmou o conde Zinzendorf: “Só tenho uma paixão: Ele”. Não podemos divorciar nosso apelo missionário de uma pregação por santidade de vida. Creio que teólogos e missiólogos nos indicarão o caminho mas apenas uma Igreja cheia do Espírito Santo alcançará o mundo sem Cristo.


Como é a batalha espiritual em missões?


Efésios 2 ensina-nos que, na nossa caminhada cristã, lutamos como o mundo, a nossa própria carne e o diabo, que recebe ali o título de “príncipe da potestade do ar”. A batalha contra as forças espirituais portanto é apenas parte da guerra, pois nem tudo é demoníaco. Assim sendo precisamos, antes de mais nada, de muito discernimento espiritual na obra missionária pois é preciso tratar o ataque espiritual como ataque espiritual, o pecado como o pecado e o mundo como mundo.

Tendo isto em mente podemos ver que, como a expansão da Igreja de Cristo na terra é visão de Deus, o diabo fará tudo aquilo que puder para tentar enfraquecer esta expansão, ou distorcê-la, e para que isto aconteça é necessário que ele trabalhe especialmente na fonte da agência que propaga a mensagem: a Igreja. Temos a tendência de crer que as manifestações sobrenaturais diabólicas formam a linha de frente no seu ataque à Igreja. Mas há o ataque sutil que destrói a auto-estima, que corrompe o relacionamento entre o casal, fomenta a mentira, incita ao suborno e enche a mente do que não edifica. Ataques como este podem devastar uma família na frente missionária sem grandes alardes. Na vida cristã é preciso renovar a cada dia nosso compromisso com Deus.


Até que ponto as estratégias de crescimento e alcance podem determinar os resultados do trabalho missionário?


As estratégias de alcance fazem parte da nossa responsabilidade cristã e não asseguram um bom resultado pois tanto na obra missionária como na vida cristã estamos debaixo da soberania de Deus. Podemos plantar e regar mas o crescimento vem do Senhor. E o Senhor usa tanto a eloquência de Paulo como o coração apaixonado de Pedro. É preciso também lembrar que não devemos definir missões em termos de resultados mas sim de fidelidade. Ou seja, somos tomados positivamente pelo desejo inerente de ver a obra avançar, a igreja crescer e pessoas se renderem ao Senhor Jesus. Contudo somos chamados primariamente para uma vida bíblica, que cumpre a vontade de Deus e vive para a Sua glória. E muitos viveram assim sem colher os frutos do seu trabalho.


O senhor acha que a era da Comunicação de Massa influencia nossa maneira de ver as pessoas e suas necessidades a ponto de nos determos mais em números e estruturas?


A comunicação de massa foi necessária no passado e é ainda mais necessária em nossos dias pelos grandes números populacionais com os quais lidamos. Entretanto é certo que não podemos cair no processo de massificação descrito por Renuè onde “cada homem se tornará um número e um povo será uma nota de rodapé”. Há no mundo hoje 279 “mega-línguas”, ou seja, línguas faladas por mais de 1 milhão de pessoas. O filme Jesus já foi visto por mais de 2 bilhões de pessoas traduzido para mais de 50 idiomas. Das 6528 línguas vivas no mundo mais de 4000 ainda permanecem sem a Palavra traduzida.


Como a globalização afeta a igreja e sua tarefa de fazer missões?

Eu diria que a globalização influencia a obra missionária em alguns aspectos:

1. Temos maior acesso à informação e isto coopera muito com o mapeamento missionário. Assim já sabemos quem são os não alcançados e onde eles vivem. A próxima tarefa é definir como alcançá-los.

2. O mundo ganhou maior mobilidade social. Desta forma podemos encontrar centros urbanos como Dakar com mais de 250 etnias representadas. É o que podemos chamar de ‘caldeirão étnico’. A atual tendência populacional será a concentração étnica em grandes centros urbanos e isto mudará nossa forma de alcançá-los dentro de 20 anos.

3. Os missionários passaram a se locomover entre ministérios e campos com mais rapidez. Em Gana, onde trabalhamos, os missionários até 30 anos atrás traziam seus caixões quando chegavam ao país pois planejavam viver e morrer ali. Hoje o missionário tende a trabalhar mais em equipes e passar, em média, não mais de 4 anos em cada campo.

4. Mesmo em grupos tradicionalmente isolados há crescente interesse pelo mundo exterior. Assim o ensino do inglês como língua franca mundial, por exemplo, pode abrir portas para o evangelho em países islâmicos.

5. A Internet levantou uma grande expectativa no processo de evangelização em países ainda fechados. Entretanto, pela própria estrutura aberta e vasta, tem sido difícil usá-la como um instrumento preciso e ainda há muitas limitações.

6. Mas há também influências negativas como a massificação, o culto à personalidade, a atração por quaisquer métodos (bíblicos ou não) que atraiam grande público e o início de uma era onde o pastoreio do crente perde o apelo.



VISITE: http://www.ronaldo.lidorio.com.br
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