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16 de outubro de 2008

Dilata o espaço... Estica a lona... Alonga as cordas... Finca as estacas!

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Isaías 54.2


P. Werner Fuchs

Povo exilado, acabrunhado, encolhido, sem esperança. O Segundo Isaías (Is 40-55) é mestre em falar ao coração sofrido, em levantar o ânimo, não apenas anunciando mudança, mas já inaugurando novos tempos, novos caminhos, novos horizontes (cf. Is 40.3s). Porém, é Deus quem vai agir, renovar, multiplicar, gerar o significativo a partir do insignificante, o vitorioso a partir do sofrido, preencher com vida o espaço dilatado, conduzir de volta à terra e conceder mais do que o esperado: novos céus e nova terra. O Senhor de todo poder e Deus de toda a terra é esposo amoroso e resgatador (v. 5). Ao povo cabe dispor-se e preparar o ambiente. Nada de imobilismo, de passividade. São passos de preparação e de espera. Já que são adequados para um povo humilhado, servirão também para pessoas humildes. Advento é tempo desse exercício, em quatro semanas:

1) Ampliar o espaço: sair da rotina, daquilo que vai estreitando a vida entre as muradas do possível, do que não oferece risco. Quanto mais demoramos no antigo, mais a vida se estreita. Pára de crescer. Precisamos de um novo olhar. Não se enxerga a casa cercada pela mata. Não percebemos dimensões enquanto estamos no mesmo nível. Revisar a caminhada é posicionar-se mentalmente sobre um monte (Is 40.9). Do alto se podem verificar passos dados, rumos, curvas e desfiladeiros. Quantas vezes preferimos ficar em nossas “dezesseis paredes”, e não sair ao encontro do outro, do inusitado, do imponderável?

2) Esticar as lonas: Quantas “dobras” existem? Por que existem? Será por medo, por causa de coração pequeno, por teimosia? São recursos mal-aproveitados. São funções amontoadas sobre alguns. São atalhos que se tornaram desvios. São empecilhos que não deixam as bênçãos fluir, nem a proteção divina nos cobrir. Esticar-se pode ser incômodo, doloroso, mas é salutar. Assim como um corpo precisa de alongamento, precisa espichar-se, ainda que doa. Vamos esticar nossos projetos sozinhos ou unindo forças?

3) Alongar as cordas: Podemos enxergar novos desafios, mas não os encaramos. Há prioridades (conscientes ou inconscientes) que nos amarram, encurtam nosso alcance. Novos alcances da ação transformadora do evangelho requerem crescimento orgânico, para fora, rumo ao chamado da hora. Pelo menos quatro cordas “esticam a tenda” nos dias atuais: economia solidária, segurança alimentar, enfrentamento do agronegócio, sustentabilidade sócio-ambiental. Em qual delas o coração bate com mais intensidade?

4) Fincar estacas: Seria desgastante e desalentador manter cordas esticadas sem firmá-las no chão, sem definir novos compromissos concretos. Alguns locais serão inadequados. A cuidadosa escolha do lugar de inserção evita perda de energias e assegura persistência na ação. Estaca é certeza. É marco que nos firma na convicção de sermos úteis a Deus e ao próximo na hora certa e no lugar certo. Que pactos firmaremos com alegria?

Notemos bem, trata-se de uma tenda. Não ficaremos para sempre com a tenda alargada no mesmo lugar. Mobilidade inclui fragilidade, recaídas para espaços mais estreitos, e igualmente a tenacidade de persistir, de corrigir. Inclui um rumo claro. Em Jesus Cristo foi invertida por Deus a lógica do poder: “O Verbo se tornou carne e armou sua tenda entre nós, e vimos a sua glória” (João 1.14).

Fonte: RENAS - www.renas.org.br/
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