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8 de abril de 2008

A CRUZ EM NÓS


L.J. Lebret

O tema da cruz já está bastante gasto porque muitos cristãos dele abusaram. Vivem gemendo

sob suas pequenas cruzes, as mil dificuldades comuns da vida, que tantos não-cristãos enfrentam

corajosamente. Tornam-se maçantes de tanto esquadrinhar seus insignificantes aborrecimentos.

De fato, não souberam sair de si mesmos para encontrar verdadeiramente o Cristo e fundir-se

nele. Não compreenderam que a cruz não é um fardo a ser arrastado, mas vida a ser alegremente

aceita, embora nos esmague.

A vida com o Crucificado, no Crucificado, é o dom de si à vontade dele, é o companheirismo

que se torna cada dia mais íntimo no campo do esforço e da dor, a cooperação constante com

quem tudo começou em si mesmo e quer associar-nos plenamente à sua obra.

Enquanto a cruz não tiver penetrado em nós, como arcabouço que tudo sustenta, não teremos

compreendido o Cristo. Daí as impaciências, as cóleras, as queixas e as asperezas. Cristãos

inscritos nos registros da Cristandade, não somos ainda cristãos plenamente inseridos no Cristo,

porque, desejando a sua luz e a sua paz, nos repugna segui-lo no sofrimento que suportou por

nós. Desejaríamos ser configurados em sua glória, sem o ser, entretanto, em sua dor; assemelharnos

a ele, sem que os flagelos sociais nos inquietem, as guerras em que não estamos

empenhados nos emocionem, as torturas e as deportações sofridas pelos outros nos aflijam, o

destino da multidão dos seres humanos desdenhados nos interesse, os erros da direita ou da

esquerda nos perturbem, o egoísmos das classes e dos países privilegiados nos revolte e a

aventura dos povos infantis nos faça sofrer. Fariseus satisfeitos com a própria virtude,

consideramo-nos heróicos, mal suportando os nossos pequenos males sem que o pesado fardo de

todo o sofrimento humano nos atinja sequer.

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