No mundo, há muitos países que vivem uma desordem estrutural que joga crianças na indústria do sexo, como: pobreza, má distribuição de renda e oportunidades, caos urbano, êxodo rural, violência doméstica, drogas, e álcool e desintegração da família.
A Ásia, entretanto, é um continente que tem algumas disparidades e estigmas que são únicos e que agravam o problema do comércio sexual de crianças: uma declarada preferência por filhos ao contrário de filhas, devido a questões culturais como o dote, a pública agressão contra mulheres, o poder do "izzat", a honra do homem. Ainda para contribuir terrivelmente para este quadro, o problema das castas baixas nas comunidades, onde os filhos herdam a falta de esperança dos pais de uma vida melhor e são lançadas pelo próprio nascimento é opressão. Tudo isto faz com que a prostituição venha a ser uma ocupação "voluntária" no sul da Ásia. "Escolha" não é um termo que possa ser usado; estas crianças lançadas na prostituição não podem ser comparadas a anjos caídos por livre vontade, mas sim, anjos arremessados a um inferno.
Segundo dados da UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), 150 milhões de meninas e 73 milhões de meninos menores de 18 anos são vítimas de exploração sexual no mundo.
A UNICEF declara ainda que, entre 60 mil e 100 mil crianças são vítimas do comércio sexual nas Filipinas; em Bangladesh, a média de idade dos menores vítimas de exploração sexual é de 13 anos; nas praias do Quênia, 150 mil crianças se prostituem diariamente, vítimas de predadores sexuais procedentes de países mais ricos. O tráfico de meninas do Nepal é intenso!
Estatísticas falam de 7 mil por ano na média, algumas chegam a 12 mil crianças traficadas a cada ano, principalmente para a prostituição na vizinha Índia. Algumas meninas são vendidas com apenas 6 anos de idade. Há relatos desumanos de garotas que recebem muitos clientes num mesmo dia, para assim receber um prato básico de comida.
A UNICEF nos informou ainda que, o número de pessoas que passam fome no sul da Ásia aumentou em 100 milhões nos últimos dois anos (dados de novembro de 2009), o que significa mais de 400 milhões de pessoas estão cronicamente famintas na região, agora mesmo enquanto você lê esta matéria.
Sem uma resposta urgente e inclusive dos governos a população pobre do sul da Ásia, quase 20% da população mundial, vai cair ainda mais na pobreza e na subnutrição com consequências negativas em longo prazo para o crescimento e o desenvolvimento regional e do mundo.
Quase 33% da população de 1,8 bilhão de pessoas do sul da Ásia comem menos do que o mínimo recomendado para suprir as necessidades diárias. Três quartos vivem em famílias que ganham menos de R$ 2 dólares por dia, informa o relatório. (Com Efe, Reuters e Associated Press).