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16 de julho de 2008

Entrevista com João Alexandre, autor do polêmico sucesso 'É proibido pensar'

“A Igreja anda pulando a cerca”


Portal CRISTIANISMO HOJE



João Alexandre tem apenas 43 anos, mas já pode ser considerado uma referência da música evangélica brasileira. Como artista, ele se considera fruto do trabalho de pioneiros como os Vencedores por Cristo, iniciado quando ele ainda era criança – mas seu som é de gente grande. Instrumentista, cantor e compositor dos mais celebrados por aqueles que curtem música cristã como arte, e não apenas veículo de evangelização, João tem muitos fãs Brasil afora. Mas não é muito chegado às badalações do showbiz gospel nacional. Talvez por isso, não tenha estourado nas paradas de sucesso do segmento nem vendido milhões de discos. Mas não importa– para ele, o que vale mesmo é cantar coisas sobre a essência de Deus, título de uma das suas mais conhecidas canções.
Nesta conversa com CRISTIANISMO HOJE, João Alexandre fala de música, carreira, vida com Deus e fé. E, como não poderia deixar de ser, analisa a repercussão de seu último e mais polêmico trabalho, É proibido pensar, no qual bate pesado em algumas das mazelas da Igreja Evangélica contemporânea. E o fez sem rancor, mas conscientemente: “Prefiro cantar o que as pessoas precisam ouvir”, dispara.

CRISTIANISMO HOJE - É proibido pensar, seu último trabalho, teve intensa repercussão dentro e fora do segmento evangélico. Você esperava tamanha visibilidade?

JOÃO ALEXANDRE - Sem dúvida nenhuma, tal visibilidade se deve à internet. O vídeo criado por um internauta em cima da faixa-título do CD, colocado no YouTube, acabou, no fim das contas, por mostrar de forma mais direta o significado de alguns de meus versos, antes só compreendidos pelo nicho evangélico. O vídeo também contribuiu para mostrar aos que não são evangélicos que nem todos os crentes pensam do mesmo jeito ou concordam sobre a realidade atual das igrejas no Brasil.

O vídeo teve, até o fim de junho, mais de 150 mil visitas. Você conhece o autor?
Conheci o autor só na internet e, curiosamente, descobri que ele também gosta de alguns grupos e cantores que poderiam bem se encaixar no seu próprio vídeo, junto com os outros que colocou. Então, enquanto para mim a música foi uma questão de posicionamento pessoal e crítica diante das falcatruas pregadas no meio evangélico, chego à conclusão de que houve também uma questão de marketing pessoal por parte dele.

Em quê você pensou para fazer a música?
Pensei na superficialidade, na irrelevância e na impertinência que caracteriza o discurso evangélico de hoje. Temos uma verdadeira chuva de evangelhos diferentes, transformando-nos mais em clientes que acham que o Todo-Poderoso precisa se adaptar ao nosso jeito de viver e aos nossos caprichos. Acontece que só existe um Evangelho a ser pregado, o verdadeiro e eterno!

Que tipos de reação, favoráveis e desfavoráveis, você recebeu a partir do lançamento de É proibido pensar,
Houve de tudo um pouco. Irmãos mais chegados chegaram a me telefonar para saber se eu estava bem ou abatido com as críticas; outros pensaram que eu estava desviado dos caminhos do Senhor. Recebi e-mails me encorajando e me ofendendo - um deles, bem engraçado, cheio de erros de português e me classificando como "enfeliz" e "impócrita". Outras mensagens diziam que eu preciso me converter e me acusaram de ter feito a música para vender CD. Mas estou bem tranqüilo e não perdi o sono por causa disso. Levei quase três anos para compor É proibido pensar, depois de ouvir muitos conselhos de irmãos e amigos. Não é de hoje que tenho vergonha de ser chamado de evangélico; prefiro o título de cristão, pois fica mais parecido com Cristo, o noivo, e menos comprometedor em relação à Igreja, a noiva. Isso porque o primeiro permanece fiel, mas a segunda anda pulando a cerca...

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